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Embrião de chama02-07-07O ar frio da manhã se liquefaz. O palito de fósforo esboça uma chama que não vinga. É preciso outro palito e outro mais... Professor Vivaldo chega à sala de aula e anuncia: hoje, vamos estudar combustão. Tira de seu barril de saber a reza pronta: todo mundo sabe que são três os estados da matéria, sólido, líquido e gasoso, mas nem todo mundo sabe que existe um quarto estado, o plasma... - e segue na reza decorada, certo de ser um grande pedagogo. Outro professor, Policarpo, ao entrar na sala, pede para os alunos fazerem uma roda e diz: vejam isso. Tira do bolso a caixa de fósforo, risca um palito, que logo se apaga no ar frio e úmido. Repete a experiência com outros palitos, que também se apagam. Pega mais um e, logo depois de o riscar, gira o palito enquanto a primeira tentativa de chama se esboça. Pede que os observem. A madeira pega fogo. O fogo não se apaga. Explica que, ao girar o palito, fez com que a primeira parafina derretida viesse para baixo e fornecesse à chama combustível e não a sufocasse ao escorrer de cima... em pouco tempo, os alunos já discutiam combustão e, só então, ele confirmou o tema. Transmitir conhecimento acumulado não é educar. Mais tarde, quem precisar e quando precisar, se aprofundará em minúcias de combustão, chama, plasma etc. O conhecimento curricular não é a matéria do verdadeiro educador, ela é o educando. Ele importa, o resto, não e é muito difícil conduzir o tenro broto a planta sadia. Em vez do fósforo poderia ter sido o professor Cardoso, que primeiro me falou de desenho geométrico. Em vez de coordenadas cartesianas, veio com o cubo e foi mostrando ser possível desenhar quase tudo a partir dele... Foi riscando cubos com giz, apagando arestas com o dedo, temperando com piadas e logo ganhou os alunos... |
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