Encharcado
09/11/18
Completam-se (quando começo a escrever) 24 horas! Um dia inteiro com gotas de chuva caindo sobre a cabeça de quem se aventurou, em espaço aberto, sem a proteção de um guarda-chuva ou do capuz de uma capa impermeável. Faz parte do script da estação, embora alguns anos sejam mais secos que outros. Chuva é imprescindível e personagem do ciclo das águas que aprendíamos no primário. O sertão do Nordeste brasileiro é eloquente ao demonstrar a estreita dependência entre água e vida. O portentoso Saara o diz ainda mais alto, embora a vida ainda se esmere para subsistir ali. Dizem ter sido outrora como a selva amazônica. Duvido, sem existir ali uma cordilheira para parir um Solimões/Amazonas. Nosso satélite natural, este sim, é morto e isento de umidade. Nele, vida zero.
Muitas vezes repeti, a quantos quiseram ouvir, o quanto abomino o excesso de umidade e essas 24 horas de chuva ininterrupta resultaram num ar molhado demais. Devo carregar alguns genes treinados na secura dos desertos e invejo (pelo avesso) a solução dos caracóis que, para preservarem a umidade de que dependem para sobreviver, selam hermeticamente suas conchas com um opérculo no tempo da seca e permanecem assim selados até as chuvas voltarem. A previsão é do tempo chuvoso se prolongar até domingo ou segunda-feira. Ótima notícia para fungos, musgos, mofos e cogumelos. Uma intensa alegria para sapos, pererecas e rãs. Festa para os caracóis e boas novas para as gerações vindouras dos mosquitos... Celebremos as chuvas do trópico aquecido pela posição do planeta em sua órbita. Alhures, o clima extremamente seco mata gente e bichos. Em muitos lugares à falta de alimento soma-se a falta de água, até para beber. A primavera chuvosa talvez resulte em flores mais viçosas, em um ar mais puro para se respirar nas cidades enfumaçadas. |
Sat, 10 Nov 2018 14:20:56 -0800 (PST) ai muita agua sem assinatura Somos os responsáveis. |
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