Era uma vez uma história prometida e jamais contada. Antes de a esquecer para sempre, tentemos contá-la e cumprir a promessa feita há exatos cinco anos. É a história de um alicate, outrora ferramenta muito útil e viva lembrança de pessoa querida, daquelas cujos vínculos de amizade solidificaram-se com o passar dos anos como poderosas raízes de grandes árvores.

Hoje, todavia, sobra apenas a memória - pior, memória de um velho! -, posto não saber mais do paradeiro da ferramenta e, assim, se anuncia o fim da história antes mesmo de a iniciar.

Era uma vez um alicate de boa estirpe, metal claro e leve mas, nem por isto frágil. Ignoro como se chama aquele tipo de alicate, mas tinha desenho marcante e, se não me engano, ainda era "made in USA". A amiga querida mo deu com palavras como "comprei um para mim e gostei tanto que resolvi comprar mais um" ou "precisei de um e comprei outro para você". Ela sempre foi assim: inesquecível!

Em tarde quente, tentei conter o avanço da vegetação, ávida por cada centímetro quadrado e nessas lidas usei o alicate. No afã de cortar os abusos das costelas-de-adão, prendi a ferramenta no sovaco - estava sem camisa - e continuei a lida.

Não sei como se deu a perda anunciada. De repente, a ferramenta não estava mais debaixo do braço. Procurei exaustivamente, naquele dia e nos seguintes, inclusive, por ocasião da visita de outra amiga, com fama de achar coisas perdidas, procuramos juntos, mas a selva de costelas-de-adão era densa, amazônica e o presente portador de tanto carinho se perdeu.

No livro de francês do ginásio, havia uma historinha onde um marinheiro pergunta ao capitão se se pode dizer perdido algo que se sabe onde está. E, diante da resposta negativa, conclui aliviado: "ainda bem! Sua bandeja de prata está no fundo do mar".

Bem, sabemos onde o alicate está...

Wed, 2 Dec 2015 14:19:12 -0800 (PST)

gostei muito
sabemos onde o alicate estah!
bjs

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Não sei se aquele metal enferruja, mas ele dorme entre as costelas-de-adão...

Thu, 3 Dec 2015 10:14:36 -0200

o uso indevido da ferramenta doi mais, não é não ?
rsrsrsrs

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Não usei o alicate com as costelas-de-adão, não! Tinha explicado, mas cortei para ficar no padrão. Foi usado para afrouxar a mangueira de jardim. Depois, a preguiça...