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Esquilo e jacu24/03/04Um ruído estranho no quintal me fez procurar a causa pela janela, mas só deu para saber que algo acontecia na goiabeira. Saí, pé ante pé, para verificar e, em vez de criança, vi quatro jacus, ave com jeitão de peru, dita galiforme, de boa família, imagino, a dos cracídeos, genericamente Penelopes, isso é, são desse gênero: Penelope. Ao me verem, logo um pulou para um galho de outra árvore. O cão chegou e parou ao lado. Todos imóveis, alertas... Passaram-se alguns segundos. Aves enormes, brilhantes, dois maiores e dois menores, que poderiam ser filhos dos outros, pois um ano antes só havia dois por aqui. O cão rompeu a tensão, o silêncio e correu em direção a árvore, a latir. O bando levantou vôo com estrondo e muita gritaria. Não me pareceu tarefa fácil, para eles, voar. Mas conseguiram, ao contrário das galinhas. Levei o cão para outros afazeres. É fácil fazê-lo esquecer. Cultivar o que já não existe é especialidade exclusiva do homem. Daí a uma ou duas horas fiz nova inspeção. Lá estavam os quatro... Jacus adoram as boas frutas, como nós. Hoje, não apareceram e só vi uma goiaba madura no pé. Por serem grandes, derrubam muitas ao comer. Depois, fui para o portão e um bicho cruzou meu caminho, quase trombamos. Procurei não perdê-lo de vista, mas ele, com uma guinada vertical, subiu pelo tronco da velha paineira, na mesma carreira, apesar dos espinhos imensos da árvore. O esquilo cinzento parou e olhou... O cão chegou farejando, sem um ruído, e também olhou, perplexo, aquele ratinho no meio do tronco, que parecia zombar dele. Parou, decidido a esperar, o esquilo subiu mais, correu por um galho, quase esbarrou em um passarinho, pulou, com incrível agilidade, para outro galho e desse, para outro. Pouco depois, sumia na folhagem... De repente, um enorme gafanhoto azul pastel, com listras amarelo vivo e asas cinza... |
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