Crônica do Dia

basta um clique!

Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

Zona

23/03/04

Era uma vez um grande bando de damas, todas de excelente aspecto e fala agradável, de corpos macios e perfumados, que faziam do mover-se convite explícito à imaginação, fosse a masculina com elucubrações lúbricas, fosse a feminina a destilar inveja ou admiração. O bando se mistura a outras muitas serviçais e aprendizes no amplo lupanar que domina, do altiplano, paisagens generosas que se estendem de um lado até praias de areias finas e dunas alvíssimas e, do outro, ao âmago recôndito de matas que, apesar de há séculos serem estupradas, metódicamente, teimam em se recompor em mistério sagrado.

Mas, no fundo, se trata de um bordel qualquer, de rameiras baratas a servir todo tipo de clientela, rica e pobre, que esse aperto não olha bolsa - é herança da urgência da espécie no cumprir a lei do crescer e se multiplicar, apesar das mazelas corriqueiras a enfear o dia-a-dia de cada um de nós.

Naquele dia ou noite, já não sei, duas gentis bruacas se engalfinharam a trocar beliscões e se puxar pelos cabelos e se dizerem coisas, entre dentadas e gemidos, que melhor seria não repetir aqui.

Em verdade, era coisa que acontecia todo dia, toda noite e, principalmente, toda madrugada, mas daquela vez calhou que passavam por ali, no momento, moralistas empedernidos. Estes correram a difundir a todos os ventos o que ouviram, sem mencionar letra por letra os palavrões, é claro, mas dando as mãos à fogueira pelas palavras chulas. Cá pra nós, chulo muito mais chulo que muita chuleta...

A velha e experiente mariposa chefe, viu que era hora de entrar em ação. Era preciso pôr ordem na casa, pô-la a produzir para o bem de todos e a tal felicidade geral etc. Chamou Dudim, piranha e companheira de velhas campanhas e lhe deu quantia vultosa, com ordens para que providenciasse pregoeiros a proclamar alto e bom som vantagens e delícias da zona.

2453088.527