Ontem, o Flamengo fez uma multidão incalculável, Brasil afora, esquecer metralhadoras, granadas, mísseis e armas burras e inteligentes, todas de irrecuperável idiotice conceitual, esquecer tudo e reafirmar aos cantos que serão Flamengo até morrer, depois de vitória no Fla-Flu. A última festa fora do Fluminense...
Cada louco com a sua. Eu, por exemplo, durante dez anos assinei a Scientific American. Diante de tanta informação me dizia que teria a velhice para ler. Agora, é o que tento fazer. Ontem, no exemplar de agosto de 83, topei com a resenha do livro "SOCCER MADNESS", de Janet Lever, editado pela University of Chicago Press.
'O enorme anel é o Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, o maior do mundo; pode abrigar 220 mil torcedores fanáticos, separados do campo - e do árbitro - por um fosso de 3 metros.' - assim Philip Morrison começa sua longa resenha. No fim do primeiro parágrafo é categórico: 'o Brasil é o primeiro do mundo em estádios e em futebol'.
Ele diz que a doutora Lever, é uma 'reflective sociologist', expressão que não me arrisco a traduzir. Ela tenta explicar aos norte-americanos o futebol do Brasil e, em particular, do Rio. 220 mil no Maracanã? Nem na final da Copa de 50, quando se inaugurava o estádio e até madame Frufru foi ver o Uruguai sair campeão.
Adiante, ela e ele contam: 'Flamengo é o time das massas, com milhões de torcedores entre os pobres urbanos, até mesmo nas favelas das encostas. O Fluminense é tido como um clube das elites, seu sócios são selecionados. Não se aceitam criminosos e aleijados, exceto "quem ficou aleijado em combate por seu país ou a serviço do clube". Seus próprios jogadores, "cultuados nos campos", são barrados da maioria das atividades sociais.'
Ah, esses ianques!... Será que a verdade se constrói com tijolos de pequenas mentiras e argamassa de respeitabilidade.
A resenha tem cerca de quatro vezes o tamanho desta coniquim, se você quiser uma cópia, em inglês, peça.
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