desenho de Lu Guidorzi
basta um clique! 

berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

 

Experto

05/08/02

"do Aurélio"

experto
[Do lat. expertu.]
Adj.
1. Que tem experiência; experimentado, experiente
2. Que fez experiência.
3. Que sabe ou tem conhecimento; sabedor, ciente
S. m. 4. Indivíduo que adquiriu grande conhecimento ou habilidade graças à experiência, à prática
5. Perito (4).
[Cf. esperto, do v. espertar e adj.]


esperto
[Do lat. expergitu, part. pass. de expergiscere, 'acordar'.]
Adj.
1. Acordado, desperto.
2. Inteligente, fino, arguto
3. Enérgico, ativo, vivo
4. Espertalhão (1).
5. Quase quente
6. Bras. Gír. V. bacana (1).
S. m.
7. Espertalhão (2)
[Cf. experto.]

Não sabia existir experto em português. Não, dona Sabrina, existir português esperto não surpreende, o que me espantou foi a palavra com raiz latina comum - expertu - e mesmo significado da inglesinha expert, bem mais usada para dizer o mesmo.

O cinema, a música e a informática foram vento, aves e pêlos a semear o inglês pelos cantos da esfera. Os grãos vingaram e, aqui, com a língua de Pessoa, esboçam nosso modo de pensar, pois se pensa com palavras, a encadeá-las em frases e essas em turbilhões de perturbadora loquacidade.

Não defendo tradições nem o português de meu avô ou o de Caminha nem nada. Língua se fala e comida se come conforme o gosto e a possibilidade. Comem-se ratos e gafanhotos se falta pão e camarão no cardápio.

A fala de cada época e povo tem marca própria. O futebol brasileiro dos anos cinqüenta tinha goal-keeper, corner, back, center-half, foul e off-side. Apesar dos esforços das academias com seus guarda-valas, golquíper, balípodos e sei lá que mais, hoje se diz: goleiro, escanteio, zagueiro, meio-de-campo ou cabeça-de-área, falta e impedimento.

Por isso, o melhor é a conviver em paz com atachados e times disso e daquilo, pois que equipes não se fazem mais e com deletar, daunlodár, digitar e navegar em mares e redes, ainda que sem precisão e nos sentidos que se preferir, a cliques de mouse cá e rato lá e deixar o barco rolar sem perder de vista que, mais tempo menos tempo, tais ninharias estarão mortas e esquecidas e os filhos de nossos netos a reclamar da proliferação de termos técnicos e estrangeirismos - em que língua? - extravasados das provetas de biotecnologia.

Afinal, longe das academias o brasileiro comum demonstra ser experto no lidar com nomes, que o digam os Uélitons, Greices, Uílsons, Mérilins, Uóshintons e tantos outros heróis do dia-a-dia.

 

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