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Jargão22/07/02 |
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"aspas" "O tempo que despendem com os cabelos e cosméticos, é algo que os homens jamais entenderão." Robert A. Johnson, SHE - Understanding Feminine Psychology (a chave do entendimento da psicologia feminina), trad. Maria Helena de Oliveira Tricca, Mercuryo, SP, 1987 |
Em parte o jargão é inevitável. Outra parte serve ao obscurantismo mal-intencionado e ainda sobra um quinhão a adular a vaidade, o que implica uma dose de obscuras motivações. Para se certificar do que afirmo, basta explicar qualquer assunto que se conheça, ainda que superficialmente, explicá-lo com simplicidade em uma roda de amigos ou mesmo, a uma única pessoa. Explique, tim-tim por tim-tim, com palavras corriqueiras, do jeito que você compreende. Verá que os ouvintes, quase sempre, se maravilham e o que acham maravilhoso não é mais do que o fato de ver exposto algo que a maioria esconde, por malícia ou uma estúpida esperança e sede de poder. Houve tempo em que se usava outra língua para os doutores. O máximo da segregação, do preconceito, da discriminação! Et nunc reges intelligite; erudimini qui judicatis terram. Pronto! Tal como a criptografia, tão cara à gente da informática hoje, poucos podiam seguir um longo discurso onde nunc quer dizer agora e erundimini, ao contrário do que poderia parecer, é verbo e não candidata, o verbo instruir, como se vê na tradução: "E agora compreendei, ó reis; instruí-vos, vós que governais a Terra.", conforme a lista de Expressões latinas e de outras línguas estrangeiras do dicionário Michaelis. Raros médicos dizem na lata: dor-de-cabeça ou dor muscular, preferem cefaléia e mialgia. O engenheiro liquidifica números e fórmulas no falar, o economês eclipsa o português. O advogado, data vênia, é profissional e, no bem e no mal, tem no verbo arma fatal, de dois gumes no mínimo. O poeta, o cronista, o romancista - cada um com seu vício, a cada qual seu cacoete, sua boca torta, sua voz de dono, da dona, do icto, do tique, nervoso, tique-taque de nervos, de bomba relógio sumiço de japan air sex sexto annus domini dó, mi, lá, vobiscum. Amem. Só após a pós-graduação dá pra entender. Vai dar? |
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