10 de maio de 2009

Fabulações

24/04/18

Leitora de primeira hora sugere serem as "realidades" inventadas, toda ficção, igualmente realidade, pelo menos na cabeça da autora: "toda história que se inventa e escreve, tem referências na realidade", afirma e propõe, assim, a dúvida sobre a diferença entre fatos e a descrição de fatos.

Hamlet existiu, existe e existirá em milhões de cérebros mas, a provar sua essência fundamentalmente diversa da nossa (e da de qualquer ser vivo), já completou mais de 4oo anos e continuará "vivo" outro tanto, ou mais, embora todos os seres vivos reais estejam fadados a morrer.



Dr.House ou Hugh Laurie?


O padre Antonio Vieyra observa, no prólogo de sua "Arte de Furtar, Espelho de Enganos, Theatro de Verdades, Mostrador de Horas Minguadas, Gazua Geral dos Reynos de Portugal": "Hum Sabio disse, que não havia neste mundo homem, que se conhecesse; porque todos para consigo são como os olhos, que vendo tudo não se vem a si mesmos; e daqui vem não darem muita fé em si de suas perfeiçoens, nem advertirem em seus defeitos; e ser necessarrio, que outrem lhes diga, o que passa na verdade."

Muito antes, uma legião de "sábios" já apontara a imensa dificuldade do ser humano em conhecer a si mesmo e muitos consideraram o autoconhecimento o único caminho para uma mudança efetiva na humanidade. Mas continuamos cegos de nós mesmos, como os olhos do exemplo citado. Perceber com clareza o que é, os fatos isentos de palavras e conotações parece ser a mais árdua tarefa do Homo verbalis, com sua mente loquaz.

Nos últimos tempos, li grande quantidade de contos policiais, simples de acompanhar e aptos a viciar o leitor. Ficou patente quão fácil é, para a mente, vivenciar as realidades ali descritas, mas essa propensão a "participar" da história de um filme, uma novela, um conto, não torna mais real o que é apenas fruto de muita imaginação.

Wed, 25 Apr 2018 08:22:22 -0300

Essa é pra pensar....
Pra mim parece que a imaginação tem limites na realidade. Por
exemplo, os alienígenas de Guerra nas estrelas e outros monstrengos mitológicos
sempre têm alguma coisa, ou de humano ou de animal, ou dos dois, de um vegetal
(BICHO FOLHAGEM?)
- que são parte do que chamamos de real.

Bjs
Ana

Concordo com você. Não tenho nenhuma certeza a respeito deste assunto. Intriga-me muito existirem "diferentes realidades" ou realidades de naturezas diferente e sempre tive uma enorme dificuldade para escrever ficção pois sempre, a certa altura, me ria ao pensar ser tudo mentira...

Sem dúvida, os seres mitológicos e ficcionais sempre foram antropomórficos ou inspirados em coisas naturais e existentes. Como você disse, é para pensar.


Wed, 25 Apr 2018 11:37:45 -0300

"Mas continuamos cegos de nós mesmos, como os olhos do exemplo citado."

Nem todos, cara pálida.
Não quero polemizar sobre ficção ter ou não referência na realidade.

      sem assinatura

Sábia atitude!
Sim, certamente existem excessões, mas são muito poucos...


Wed, 25 Apr 2018 11:43:11 -0300

Não disse que gostei da crônica, claro, apesar de ter raciocínio demais para o meu cérebro.

      sem assinatura

Merci.

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