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Festa dos urubus04/10/01O novo camareiro do papa, um português, desperta sua santidade pela terceira vez conforme o ritual: "Excelência, são sete horas, o dia está lindo e o café, servido". Como nos outros dias, o papa o olha e diz: "Já sei, meu filho, já sei os anjos já m'o disseram" e o português retruca: "Pois se danaram, são nove horas, chove aos cântaros e serviram chá". A velha anedota surgiu às sete horas de um dia lindo com o aroma de café fresco. Daí estas loucuras desordenadas que me povoam a cabeça, notícias de 23°32'27" latitude sul, 46°51'13" longitude oeste, o máximo de precisão que consigo sem nenhum instrumento. Que venham as bombas, até as de chocolate seriam fatais. Os dois parágrafos acima têm 666 toques, número apocalíptico, perfeito para piadas papais. Redatores de antanho mediam com folhas especiais: setenta toques por linha, vinte linhas por lauda. Hoje, é tudo medido em caracteres pela maquininha do diabo, prima da outra, de fazer doido. Prefiro toque. Um general boliviano de quinta estrela cospe as folhas de coca mastigadas, pelos caminhos, entre cabras e lagartos nos contrafortes noroeste do Himalaia. Saca uma automática paraguaia e diz, em tupispanholniquim-guarani ao semita, incapaz de o compreender: "Te mato como ao outro!". O outro, cuja cabeça nem valia tanto, como nada vale a imagem que esse fotográfo desconhecido está prestes a obter. Mas ela lhe trará fama, mas não dólares. A fotografia do prisioneiro há de se tornar ícone de rebeldia em paredes de quartos de adolescentes...
Os urubus fazem uma festa particular no vento forte e constante: de oeste para leste. Vento signo da fúria da humanidade. Só abutres, gaviões e aves de rapina se aventuram. Dominam os ares. Fazem a festa na ventania que o homem não pode compreender. |
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