Mulher, que o ao se emancipar de jugo injusto e milenar, de rédeas e esporas não abdica da ternura ao ser mãe e amante, dize: que levas nessa eterna e inseparável bolsa? Que mistério, segredos, tesouros ela encerra para tê-la sempre a te seguir, quase carne de ti, útero suplementar? Ah, pergunta boba que, há tempos, provocou palpites fúteis, confissões, inconfidências e outras inutilidades. Mas muito úteis naquele momento, mais que qualquer teorema ou vacina ao unir meia-dúzia de desbravadores do incipiente "mundo virtual"! Ali se abriram sem saber muito bem a quem ou que se abriam e alguns adultos cansados de serem adultos foram um pouco crianças outra vez. Ainda está tudo no sítio, do jeito que foi. Tudo feito com poucos recursos e, confesso, com uma ponta de vergonha: tenho saudade daquelas condições precárias. Sim, sou louco, há muito mo dizem mas, para uma pessoa com as minhas limitações, o que limita mesmo são recursos ilimitados e superabundância de possibilidades. Hoje, sou palhaço da palavra. Equilibro de vocábulos - outro dia fiquei devendo o nome de figura de linguagem muito usada por poetas de cordel, o acróstico, onde formam, com as primeiras letras dos versos, o nome da obra ou do autor - acabei malabarista de frases vazias. Saudade de quando a croniquinha de cada dia saía como jato, ou como vômito, no dizer objetivo de um amigo e, embora cheia de erros de todo tipo, tinha o que falta hoje: vida! E que falta faz! Da mesma forma a vida pulsava de volta: "A fidelidade é feminina (se não acredita pode olhar no dicionário). Talvez por isto, haja tanta tábua para bater bife e tão pouca para declarar lei na vida das mulheres. Mulheres não gostam de seguir normas e via de regra, para elas, é vagina." Talvez este seja o meu mal: uma fidelidade mórbida, inútil, sem propósito. |
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