"O céu fica todo iluminado, fica o céu todo estrelado, pintadinho de balão" - antes, o genial Lamartine Babo anunciava: "chegou a hora da fogueira, é noite de são João". Pois bem, tudo isto acabou. São outros tempos e com eles outros costumes, outras tecnologias. Resta o céu todo iluminado, mas não pelos balões de antigamente, mas por luzes ofuscantes das noites urbanas. Fogueiras também estão proibidas para não enfumaçar ainda mais a atmosfera, o céu de inverno, em teoria, o mais estrelado nas longas noites solsticiais, quando o pólo se volta para fora, na órbita, e nos mostrando mais a imensidão incompreensível nos exageros de suas medidas e extensões. Levantei os olhos para o "o céu todo estrelado" tinha pouquíssimas estrelas e demais fulgores próprios daquela vastidão. Não havia nuvens, mas um véu - talvez de brumas, talvez de poluição ou ambos - sublinhado pela exuberância das luzes da civilização, apagando a beleza do firmamento. Hoje, dia da noite de são João, volta à lembrança as fogueiras, os balões e os fogos de artifício da infância - fogos singelos: busca-pé, estrelinha, estalinho e um em forma de círculo, preso por alfinete pelo centro, que girava à medida que queimava num círculo de fogo - em contrate com os estouros terríveis de ontem, a comemorar gols. Tivesse eu mil anos, certamente lembraria de céus muitíssimo mais estrelados e de outros fogos empregados para outros fins. A humanidade cresce sem parar desde sempre, o planeta não. O poeta, com sua genialidade, concluiu lembrando que "o balão ia subindo para o azul da imensidão", azul que talvez se veja, hoje, mais refletido em telinhas e telões do que em sua indizível e provocadora amplidão. Tintim, bom quentão! |
Tue, 24 Jun 2014 10:02:41 -0300 Tintim! sem assinatura :-) Tue, 24 Jun 2014 10:24:34 -0300 Olá Clode Quanto ao frio, não tenho como comparar: minha infância foi no Rio, mas de meu quase meio século aqui, sim, vivi dias mutíssimo mais frios nas décadas de sessenta e setenta. Obrigado por lembrar-me onde se prendia a rodinha: no cabo de uma vassoura e era este mesmo o nome, não: rodinha? Date: Tue, 24 Jun 2014 13:12:50 -0300 ... pois é, Mermão, o São João mudou muuuuito. Sem saudosismo! Sim, a vida flui como um rio e é muito difícil acompanhar o momento, o real, o fato. Não suspirei por uma infância longínqua agora, na velhice de hoje. Lindo o seu texto! Obrigado. Wed, 25 Jun 2014 10:18:39 -0300 Quando eu penso em tudo de bom que houve um dia e que 'já era', agradeço por ter sessenta anos, mais prá lá do que prá cá. Triste é pensar nas crianças. Ainda bem que eu não trouxe mais uma..... Sim, um dia morreremos, mas a humanidade continuará. Como interromper essa deterioração? O que fazer para reverter esse estado de piora continuada? Não caberia a nós encontrar um jeito? |
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