Folclore local
23/02/16
Nas ruas e avenidas de Copacabana desfilam pessoas de todo tipo. De pedintes aos mais endinheirados do mundo, hóspedes ocasionais dos melhores hotéis locais; turistas vindos de todas as origens a favelados de favelas próximas ou não - o metrô traz legiões! - hoje, chamados "moradores de comunidades"; há de jovens com pranchas, cadeiras, barracas, skates e outras tralhas de adorador do sol a pessoas idosas com bengalas, cadeiras de roda e elétricas e vários tipos de auxílio à locomoção. Ali também desfilam pombos e cachorros. Estes quase sempre acompanhados, sem mencionar baratas, igualmente abundantes, durante o dia como cadáveres e, na certa, muito ativas noite adentro, como certas pessoas. Por fim, nos logradouros de Copacabana se misturam idiomas. Todavia são os pedintes em profusão motivo e tema aqui. Cada apelo renova em nós a decisão de dar, ou não, a esmola solicitada e o pedido, às vezes teatral, nos emociona à revelia da razão. Faz pouco, ouvi duas histórias acontecidas aqui no bairro famoso, ambas sobre os mendigos locais e a enfatizar o desafio de como lidar com a miséria. Na primeira, um grupo em restaurante a peso, foi abordado por uma menininha pedinte: queria um almoço. Um dos comensais acedeu e acenou ao caixa confirmando por gestos a responsabilidade pela conta. A menina se serviu e entregou a conta ao pagador, que a colocou sobre a mesa. Um dos outros pegou a conta e se espantou: ela pegara quase um quilo e meio de alimento, equivalentes a pouco mais de vinte dólares. Na outra, em outro restaurante, um menino pede um almoço, o solicitado pergunta quanto custa. Nove reais, diz o guri. O homem lhe dá uma nota de dez, paga e sai. Na rua, se lembra de pagar uma bebida para o garoto. Volta e, ao entrar no restaurante, vê o dono do local entregando uma nota de cinco ao menino... |
Tue, 23 Feb 2016 14:50:35 -0300 MUITO bom, como você escreve bem! como você descreve bem! Os 2 primeiros parágrafos já valiam a crônica, mas as histórias das crianças pedintes foi chave de ouro. sem assinatura Obrigado. Também gostei demais das histórias dos pedintes. Tue, 23 Feb 2016 17:49:28 -0300 Essa sua maneira de olhar ao redor sem assinatura E viva dona Maria Regina, dona Vera e outras com suas insistências para que descrevêssemos as cenas patéticas dos cromos pendurados por barbante frente ao quadro-negro! |
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