Fumaças
18/07/18
Reza a lenda terem as cabras e seus cabritinhos, além dos bodes, certamente, em tempos distantes, demonstrado inequívoco comportamento de dependência química após mastigarem folhas e frutos de certa árvore, não aquela do Paraíso, de frutos cheios de sabedoria, mas os de outro arbusto, posteriormente batizado de Coffea arabica, origem de nosso vício em cafezinhos. Em geral os bichos não se distinguem pela busca e consumo de drogas. Viciáveis somos nós e vasto o arsenal de substâncias químicas disponíveis para a humanidade se tornar dependente, incluindo-se aí o álcool e o tabaco. O tema me volta da leitura de um excelente livro, de um oncologista indo americano, Siddhartha Mukherjee, "O Imperador de Todos os Males" (Uma biografia do Câncer), premiado com o Pulitzer em 2011. Ainda estou boquiaberto após ler neste livro as histórias das disputas, nos Estados Unidos, entre cientistas, políticos e os industriais do tabaco, quanto à relação entre fumar e câncer de pulmão (além de outros) Não vou tentar resumir aqui a perfídia dos fabricantes de cigarros, da poderosíssima indústria tabagista, que chegou ao ponto de contratar pesquisadores na esperança de provar se tratar de um "hábito" inócuo, em nada prejudicial à saúde e, depois, esconder os resultados obtidos, terrivelmente adversos a seus interesses financeiros. Somos o ápice da evolução, capazes das maravilhas de todos conhecidas, mas os caprinos, esses tão simpáticos equilibristas, jamais saberiam agir com o grau de maldade inerente às negociações e disputas, descritas por Mukherjee, entre cancerologistas, industriais do tabaco e as instituições governamentais norte-americanas. O biógrafo do câncer pinta um triste retrato da humanidade ao detalhar os meandros de um confronto entre interesses econômicos e a saúde das pessoas. |
Thu, 19 Jul 2018 21:11:09 -0700 (PDT) eh triste mesmo, e nao foi/e so com o ttabaco, continua … sem assinatura Não, não vi, mas é fácil imaginar. |
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