Futilidades
03/12/18
Quando criança, via minha mãe resolver quase todos os problemas de abastecimento da casa pelo telefone. Eram outros tempos e não existiam ainda os supermercados. O pesado aparelho telefônico preto com seu lento disco perfurado a conectava com a quitanda, o armazém, o açougue, as farmácias - as padarias eram exceção, não faziam entregas - e, talvez, com outros comércios agora a me escapar. Os caixeiros entregavam as compras na porta de casa. Crianças, podíamos ir às padarias - havia duas mais perto e duas outras, tidas como melhores, porém distantes pouco mais de três quarteirões - e buscar o pão nosso de cada dia, nunca dado como na súplica da oração, mas vendido a troco de algumas moedas. Como disse, eram outros tempos: hoje, tememos ao ver crianças soltas e desacompanhadas pelas ruas das cidades brasileiras. Perco-me nessas futilidades apenas pelo espanto de ouvir soar a campainha, abrir a porta e receber o caixeiro (ainda se chamarão assim?) com duas sacolas grandes com as compras pedidas pouco antes, pelo telefone celular. Ali incluídas seis garrafas de 1,5 litro de água mineral- só elas, mais de nove quilos - peso excessivo para um velho carregar. Sou velho e esta dificuldade desencadeou o antigo costume de pedir pelo telefone: Da última vez, pedi quatro garrafas e o balconista sugeriu-me um fardo com seis unidades. Expliquei-lhe que já me era difícil carregar quatro e ele, prontamente, sugeriu a entrega. E concluiu: "eu mesmo vou entregar". Pedi-lhe o número do telefone e ele me deu um adesivo magnético para geladeira. Por fim, no último sábado, fiz a primeira tentativa: "vocês fazem entregas aos nos sábados?", comecei e, diante da resposta afirmativa, passei à encomenda. Minutos depois a campainha soou e, sem esforço algum, recebi minhas compras do caixeiro e balconista. |
Mon, 3 Dec 2018 12:26:07 -0200 Sabe uma coisa que me intriga? Porque você quase sempre se volta pro passado.... Que tal dar uma olhadinha no presente? Já experimentou o dia de hoje? Vale a pena.... Garanto! (ficou ofendido?) Qua Qua... sem assinatura Não sei se as lembranças do passado predominam, efetivamente, como temas das croniquins. O proverbial aqui e agora é um desafio dificílimo, fomos condicionados a navegar mais facilmente nas recordações do passado e devaneios de um futuro imaginado. Mon, 3 Dec 2018 14:17:05 -0200 E viva o capitalismo!!! Rsrsrsrsr Já era capitalismo em minha infância, ficou pior e a perspectiva é de continuar a piorar. Fri, 21 Dec 2018 14:22:25 -0800 (PST) fico contente com a melhora nas suas compras, as necessidades de cada dis sem assinatura Pois é... sou totalmente incompetente para lidar com o cotidiano. |
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