autorretrato 

Gambá

17/10/13

Já passava da uma hora da manhã e, há pouco, eu tinha ligado o computador, quando ouvi um chamado conhecido, fácil de identificar, do gato frequentador desta casa, desde de a morte do Fladu. O gato mia e insiste, com um miado também conhecido, bem perto da janela. Digo a ele, em português corrente, para ir até a porta dos fundos, se está a querer um pouco de leite ou algo parecido. Supondo que ele me compreende, vou eu ao encontro por mim sugerido. Saio, acendo a luz, chamo mais uma vez o felino e percebo um vulto perto do lixo. Não, não é apenas um vulto mas, sim, um marsupial! O gambá, mais conhecido por aqui como saruê, é relativamente pequeno. Ele me encara por alguns segundos, atrás de seu focinho afilado e comprido. Eu o encaro, da mesma forma, sem saber como agir. (Quando morava com o cão, ele se encarregava desses bichos aparentados com os cangurus: matou vários e, às vezes, os trazia para perto, certamente para mostrar seu feito). Na indecisão dos olhares cruzados, ele decide se retirar, vira-se e desce e some, sem que o possa acompanhar com o olhar na penumbra. Some.

O encontro explica o lixo revirado de alguns dias atrás. Desde minha vinda para cá, há convivo com esses marsupiais direta ou indiretamente. Certa vez, pouco depois de minha chegada, há mais de 36 anos, uma então vizinha preparou um deles, caçado por seu jardineiro, mas não me animei a provar. Em outra ocasião, nossa cadela latiu a noite toda para descobrimos, pela manhã, um deles acuado sobre uma árvore. Além dos muitos que enterrei, assassinados pelos cachorros, testemunhava o sumiço de ovos do galinheiro e o aparecimento de túneis no chão. Era preciso correr, ao ouvir o cacarejo de postura das galinhas (por causa da dor?), para não perder os ovos.

Desta vez o gato não apareceu e o gambá sumiu.

17 de outubro de 2013 07:19

Mais sobre o dito cujo: Gambá (de guámbá, o ventre aberto, a barriga oca por causa da bolsa onde cria os filhos[carece de fontes?]) é o nome popular de um animal típico das Américas. É um dos maiores marsupiais da família dos didelfídeos, pertencentes ao gênero Didelphis, que habitam do sul do Canadá à Argentina e são onívoros. Na natureza têm como principal predador o gato-do-mato (Leopardus spp.), enquanto nas cidades são frequentemente atropelados por terem a visão ofuscada pelos faróis e por terem pouca mobilidade - exceto nas árvores. São ainda confundidos por vezes com o cangambá (Mephitis mephitis), que embora se assemelhe, não é um marsupial, mas sim um mustelídeo.

Veja que o seu gato não descende diretamente do Leopardus spp, senão teria dado cabo dele...

Abraço

Ebert

Não, o gato não é meu e, sim, de algum vizinho (ignoro qual). Ele frequenta a casa por que quase todos, se não todos, os outros quintais são habitados por cães. Aqui vira um oásis. Há uma confusão em torno do nome gambá. No fundo três bichos diferentes são chamados, aqui, de gambá. Este, o guaxinim e um terceiro, cujo nome em português me foge, mas é muito visto em histórias em quadrinhos e filmes norte-americanos, preto, com uma ou duas faixas brancas (não lembro) e capaz de aspergir o famoso líquido fedorento.


17 de outubro de 2013 07:56

  Tive um casal no forro aqui de casa que quase me deixou maluca.
  Eles fazem um barulho enorme e se reproduzem como os coelhos.
  Pedi para para cortarem todos os galhos que ajudavam os fofos a se refugiarem sob as telhas.
  Não sinto a menor falta deles e muito menos dos morcegos, que também consegui me livrar com muito mais dificuldade.
  Eles entram por qualquer fresta. Pode ser minúscula.
  Viva a natureza mas por favor não no forro de casa! bj

      sem assinatura

Sim, eles entram no forro e são barulhentos. Aqui tenho tudo muito apropriado para estas invasões e é comum ouvi-los. Também temos morcegos e, como você disse, encontram e entram pelas menores frestas. É incrível que o consigam apenas com o sonar, com o eco de seus gritos ultra-sônicos. Consegui obstruir as passagens aos morcegos, mas o Vi, quando adolescente, chegou a matar um vibrando uma vara de bambu rapidamente no ambiente onde estava.


17 de outubro de 2013 12:43

há 36 anos o Bruno era do tamanho do Pedro ....
lembrei da Primavera lendo essa crônicas dos primórdios da granja ...
boa a sua retrospectiva sobre os gambás ai, do passado e presente
bjs
Maren

Acredita que me esqueci da mais importante lembrança em relação aos gambás!? Certa vez, cruzou o meu caminho, de dia, uma fêmea com o rabão pelado, dobrado sobre o corpo, onde se penduravam, também pelo rabo vários filhotes. Ela passou, como se eu não estivesse ali..


17 de outubro de 2013 18:37

que perda...

pobres bichos, nesse mundo de concreto, sujo e feio...

quem sabe aparece outro... ou outra.

tomara.

bjo

      sem assinatura

Acho que fui mal na descrição. O gambá se foi, noite afora, mas o de anteontem não morreu, fugiu.

Eles estão sempre por perto, aqui.

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