crônica do dia

Grande festa

11/08/03

Manhã fria, de menos de sete graus em São Paulo, com sol beleza, céu azul e grande festa. Às sete e meia, mais ou menos, aparece um novo visitante: um papagaio. Ave grande e bela, de penas verdes brilhantes, com o alto da cabeça e parte do peito cor-de-laranja forte.

Não, não é um. Há outros, difíceis de ver na folhagem da jabuticabeira, a subir e descer pelos ramos finos para disputar comida com outras aves de muitas cores e tamanhos. De tempos em tempos, dois papagaios voam até um galho despido de folhas da árvore vizinha e mostram mais da cor alaranjada por baixo das asas. Lá, caminham no longo ramo, quase horizontal e se tocam com os bicos em beijos de papagaio. Daqui é impossível ver se trocam presentes, jabuticabas...

Da mesma árvore, um pé de chico-magro, surge a maior surpresa a correr tronco acima, ir e voltar pelos galhos: um esquilo. Há um quarto de século, era comum ver esquilos do lado de cá do fim do mundo. Hoje, foi surpresa. Ele também corre para o pé de jabuticaba, mas não parece interessado nos frutos, mas em inspecionar as redondezas, procurar alguma coisa ou lugar.

Por certo tempo há intensa a atividade na velha jabuticabeira. Depois, por razão que desconheço, tudo cessa, todos se vão! No chão, debaixo da árvore, se vê grande quantidade de sementes e cascas de jabuticabas! Creio que sobram do repasto dos papagaios. Restos que não diferem dos que os homens deixam... salvo alguns, como um amigo que engole as sementes com a polpa da fruta.

Uma hora depois chega um bando de pequenas aves de duas tonalidades de cinza, a mais escura em cima, a parte inferior quase branca. Se reúnem no pé de chico-magro e dali vão ao refeitório e voltam. De repente, se ouve um pio forte, repetido, insistente e todas partem em bando.

Do sudeste, chegam nuvens apressadas e vento gelado.

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