Brruuu era muito diferente de tudo que se conhece e, para ele, o tempo era bem diferente também. Há uns... cinco bilhões de anos, notou que algo acontecia na borda de uma galáxia.
Sentou no nada cheio de curiosidade e paciência e focou seus olhos zoom onde gás-poeira interstelar começava a se adensar: ia nascer um planeta! Um não, vários planetas se formavam ali. Os maiores poderiam até virar estrelas! Um espetáculo e tanto!
Alguns milhões de anos depois, a temperatura do novo planeta começou a aumentar, tanto, que tudo se derreteu. O que era mais pesado se concentrava num núcleo e o mais leve boiava. Gases envolviam o planeta.
Ao longe, Brruuu via seu filme fora do tempo: enquanto a crosta e continentes se esboçavam, na atmosfera do novo planeta surgiam moléculas complicadas, que se combinavam em outras, mais complicadas ainda, até que, de repente, algumas conseguiram fazer duplicatas de si: o primeiro ensaio da vida! Valera à pena esperar um bilhão e 200 milhões de anos!
Outro tanto se passou até surgir uma espécie de alga capaz de fotossíntese, pois um dos planetas, o grandalhão, acabara mesmo como a estrela Sol! Tão fascinante! Brruuu via as coisas acontecerem cada vez mais depressa.
Nos últimos 600 milhões de anos, o milagre capaz de fabricar novos seres funcionava a todo vapor. Em verdade, a maior parte logo desaparecia, mas era tanta novidade, que Brruuu nem ligava. Já havia mais de um milhão de espécies diferentes na linda bola azul! O mais incrível era pensar que tudo, tudo naquele planetinha - inclusive o estranho bípede que surgiu por último -, tudo veio de poeira de estrela...
Foi então, no meio desses deslumbramentos, que Brruuu deu um grito, um berro que ecoou pelas galáxias, ao perceber que o pequeno planeta azul que tinha visto nascer, corria enorme perigo...
reescrito a partir de texto para roteiro de vídeo de 1994
NOTA: a ilustração da primeira página foi uma tentativa de representar Brruuu
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