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Regra de três19/12/02Pasme, dona Sabrina. Pode se assombrar à vontade, tal como eu mesmo me espantei ao me descobrir parte de minoria em recente pesquisa do IBOPE. Diz a pesquisa: 79% dos brasileiros não sabe fazer uma regra de três! Pasme, leitora querida que detesta números e, ainda assim, por certo, sabe calcular o valor de qualquer quantidade de laranjas a partir do preço da dúzia! Depois, é melhor desassombrar pois não se divulgou pesquisa sobre interpretações de dados de pesquisas, em particular interpretações de solícitos jornalistas, ávidos para cumprir tarefas e encher, entre outras coisas, o espaço previsto, reservado e à espera, do fruto de suas cabeças qual berço em casa de mulher grávida, em grades de diagramação de jornais e revistas ou de noticiários de rádio e televisão. Desassombrar porque é bem possível que os tais 79% indiquem apenas quem não conhece regra de três como método ou como nome, conquanto a empreguem o tempo todo sem pensar nisso, sem teorias, sem complicação. Afinal, a mesma pesquisa aponta a existência de muito mais analfabetos que analfanúmeros, a se permitir chamar assim quem não usa com facilidade as quatro operações. Todo comerciante, em todo o tipo de feira pelo mundo afora faz contas - e usa, mesmo que não o saiba, a regra de três nos cálculos de proporções - todos os dias, o dia inteiro. É questão de sobrevivência. Por fim, ouso uma fantasia sobre a evolução de uma parte de nós: ao aguçar a visão aprendemos a decifrar o rosto do outro. Talvez ao mesmo tempo, tenhamos começado a atribuir significado e compreender grunhidos, gemidos e outros sons. A posse dessas duas linguagens levaria ao contar e à matemática. Lidar com quantidades criaria a necessidade de anotar nomes. Bem, o resto da história é muito longo e muito curto, basta uma regra de três... |
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