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Agáagá02/07/03A senhora Agáagá, que de gagá nada tem, chorou. Às senhoras e senhorinhas é dado chorar e, hoje, mesmo a homens e indefinidos tudo se permite, pois o sexo fraco se faz forte e vice-versa. Heloísa Helena, senadora de voz aguda, chorou ao ver partido ao meio o credo que pares sisudos e bigodudos entoaram por décadas a fio muro acima, garimpo abaixo, rumo ao poder. Proíbe-se HH de bisbilhotar e tomar partido em mexericos íntimos e ir aos chás de estrelas dançantes. Tampouco poderá declamar alto e bom som onde, em sua opinião feminina, individual e pessoal, se deveriam meter certos fariseus e outros incertos, o que a amofina às lágrimas, posto gostar muitíssimo, a senadora, da arte de esgrimir palavras e idéias, contrariando Rousseau ao dizer, em seu tempo, que "as mulheres, em geral, não apreciam arte alguma, não as conhecem e não têm talento nenhum". Veja, ilustre passageira - todos o somos dessa bola doidivana, em órbita elíptica e ignorada por absoluta falta de ar, da mais tênue atmosfera sideral - dizia, passageira gentil, que não se imputa à senadora, como outrora muitos fizeram a todas, o defeito capital e incorrigível de ter nascido mulher, não. Dela se reclama a cabeça por pensar, e tão só! Seria bruxa! Feiticeira perigosa, pois pensa e não cala e diz o que lhe vai no âmago, lhe dá na telha, na idéia e no coração! Cáspite! Não ecoa a voz do Partido e parte o rebanho, que ao pastor tanto custou reunir. Justiça! Fogueira! Chamas a exorcizar o mal que lhe corrói entranhas! Fogo! Ora, doce passageira, deixemos a política aos políticos e cuidemos, aqui, tão só do choro da HH. A senadora chorou - eis o fato a sublinhar. Não sei se alguma tevê o mostrou ou fotógrafo o registrou. Tanto faz, pois mesmo sem imagem, suas lágrimas foram destaque dos noticiários de ontem. A notícia, de fato, parecia ser o choro da Mulher. |
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