"Uno não deve..." - assim me veio, inequívoco, o início de eventual croniquim e o devaneio iria adiante qual fumaça a se avolumar, quando vi que o que começava era uma salada de línguas e, de pronto, o princípio virou ponto final. Não me parecia justa a troca de meu 'uno' por 'uma pessoa' - sem desmerecer ninguém - e na certa perderia muito na permuta por 'alguém' que, ali, seria péssima tradução. É claro que existe o "um" equivalente em português, pronome indefinido, mas não me lembro de o ver usarem assim, como no espanhol, para inaugurar frase: "Um não deve comer batatas fritas, pois são pouco mais que vasilhames de óleo saturado pelas temperaturas exorbitantes da frigideira", por exemplo.
Aqui, diríamos algo como, "Não se deve comer batatas fritas, sempre encharcadas de óleo queimado", pois não sendo europeus, temos um olho na água de coco a nos esperar à sombra sob sol de rachar e outro... - pára! Claro que a essa altura não sei mais como seguiria a hipotética crônica que tropeçou num uno. Não o nosso 'uno', singular, que não tem partes, é íntegro, único, mas o 'uno' forasteiro, dado a estréia de orações. "Uno não deve..." - "Ninguém deve..."? - olha aí! Um bom comeco! Agora, o 'ninguém deve' me soou bem como sino bom, bem bom. Talvez a negativa não me servisse... "Alguém não deve...", ora, mas isto equivale ao "Ninguém deve..." Pronto! Heureca, achei como começar! "Ninguém deve..." Não deve o quê?... Não! - agora que tenho o começo, o que era mesmo que ia dizer? |
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