Para o nosso cotidiano, longe das lucubrações relativistas, segue o tempo como seta inexorável sem qualquer freio a sua inércia, enquanto os anos se somam em séculos e estes logo completam milênios até... até o limite improvável de um ponto final universal e definitivo, limite tão imponderável como o ponto de partida, hoje, tido como o bigue-bangue.

Passaram-se mais quinze anos, ou cinco apenas, conforme a crônica escolhida entre esta ou esta outra. Somos todos um pouco mais velhos e nossos corpos, um pouco mais desgastados. Disputamos nossa sobrevivência com um número bem maior de concorrentes e estamos cercados por muito mais tecnologia, mais sofisticada e sempre a nos desafiar.

O tempo em nosso dia a dia tiquetaqueia na mesma batida. Os segundos se somam em minutos, horas, dias, meses, anos... O amigo e músico procura me explicar ser tudo prescindível na Música exceto o ritmo e logo enfatiza a importância do se estender no tempo como essência mesma da arte musical.

Outra amiga, se manifesta inconformada ante a certeza de sua morte ser apenas uma questão de tempo... Não concorda com a ideia do inevitável. Cogito comigo qual eternidade projetamos em nossos sonhos? Um "vale de lágrimas" eterno? Queremos permanecer por todo sempre (?) a disputar ninharias, a fofocar sobre o próximo e vociferar contra os poderosos, a praticar pequenas trapaças e mais pecadinhos inconfessáveis enquanto se enfrentam condições insalubres de vida e se ignoram os miseráveis? Queremos isto para toda eternidade?

Ou o desejo de permanecer para sempre vivo traduz apenas um instinto primevo, sem a existência de qualquer projeção de vida eterna e o contínuo passar do tempo, sempre a empilhar a areia da base da ampulheta, deveria provocar um crescente desejo de novidade e a novidade seria a morte?

Tue, 28 Mar 2017 19:28:32 -0300

Acho que o desejo do vivente é a esperança de atingir o mundo ideal, perfeito, bom, e feliz. isso sim seria novidade.

      sem assinatura

Que bacana ouvir isto de você!
Boa sorte, que você possa chegar o mais perto possível desse mundo ideal.

Wed, 29 Mar 2017 16:02:58 -0700 (PDT)

filosofico ...
gostei
gosto das perguntas do penultimo paragrafo

      sem assinatura

Existe um poema de Guerra Junqueiro onde ele pinta o tédio infinito do Padre Eterno sem mais nada para fazer por toda a eternidade...

Deve ter-me inspirado a perguntar.