Encontro atemporal de celebridades imorredouras. Louis XIV diz... Não, ao começo, antes que Barbosa, o Abelardo, me venha lembrar que tudo, no mole e no duro, só principia de fato, quando começa a iniciar.
A grande explosão solar desta manhã, a mais contundente que o homem já testemunhou, marcou não se sabe bem o quê, mas logo se haverá de saber. Seus ventos não vão interferir no Jardim de Méden, recanto aprazível, ao abrigo de toda intempérie, onde imorredouras celebridades atemporais, de costume, se reúnem para fausto breque ou horas felizes.
Pois Lulalá lá estava, nesse divino recôndito, a saber e sentir ainda em si Maputo, quando ouviu, nítido e cristalino lhe falarem em língua ignota que, mesmo assim, compreendia como, ou melhor até, que o português.
Disse-lhe o filho de Anna, da Áustria: "Au Brésil cher monsieur, l'etat c'est toi!" E tendo dito, logo partiu o Rei Sol para um eclipse total com a Rainha Luana, a maîtresse mais recente em seu harém. Ficou Lula lá, boquiaberto com tanta esparramação de inédito numa vida antes monótona de líder abecedista e nordestino famélico. Seria mesmo ele o estado, como se proclamava e, agora, dizia o rei?
Louis XIV por Rigaud, detalhe
Mal começava a sucumbir em tais pensamentos e a mais nova e eternamente ilustre sertaneja daquelas paragens lhe veio esfriar os miolos. Com fala mansa, começou Queiroz, a Rachel: "Deixa de bobagem, ó Lulalá, isso de bandido declarar guerra aos macacos ou à polícia, tem nenhuma novidade, não. Parece até que as tempestades magnéticas do poder apagaram de sua alma sertaneja a memória de Lampião, Conselheiro, Maria Bonita - que sou mulher e não vou esquecê-la, não - Corisco e muitos mais heróis, cujas cabeças ainda há pouco serviam ao escárnio expostas em museu..."
E muito mais deve ter falado e muitíssimo mais bonito do que aqui se vê, por que era cronista de fato, e eu, não.
