Não é crônica nem o devaneio de um desocupado. Desta vez se trata de um mistério em busca de solução.
Quem sabe você conhece o Jurandir, com este ou outro nome, e pode ajudar. Apesar do nome, falo de um pássaro e não de gente. Um pássaro misterioso que, volta e meia, aparece por aqui. Pior, em verdade, o Jurandir são dois. Eles aparecem sempre juntos, provavelmente, um casal.
Do tamanho aproximado de um sanhaço, se distinguem por um sutil piado, aparentemente, de localização mas, sobretudo, pelas cores. Um é preto, com o bico preto e, talvez, os pés também. Confesso não saber a cor dos pés. No resto, é um belo preto pretíssimo e brilhante (o macho, talvez?) e o outro (ou outra?), em marcante dimorfismo sexual, tem a cor de rolinha, quiçá um pouco mais avermelhada e, com certeza, mais brilhante.
Tenho, por empréstimo, o livro "Aves da Grande São Paulo", onde pequenos textos de Pedro Develey descrevem 273 espécies, mostradas por fotos de Edson Endrigo. Não encontrei ali o misterioso casal, que chega e percorre os ramos baixos, sempre distantes um do outro, uns dois ou três metros, e se mantêm ligados por um constante piar - um pio breve e baixinho. Um pia, o outro ecoa.
Um especialista local em passarinho me garante: "o pessoal chama de jurandir" (com minúscula, é óbvio). Nada no livro nem na internet! Nada de passarinho jurandir, só tem gente Jurandir...
Zanzamos entre nomes e códigos de identificação! Porque não nos basta o belo pássaro, os dois, tão diferentes!? Precisa, mesmo, além do vulto e do olho brilhante, do jeito manso e cauteloso, precisa mesmo do nome, jacu, para a ave que acaba de pousar no do pé de chico-magro, frutinha também chamada de uva japonesa?
Não basta a coisa, seu ser, sua presença visual, auditiva, olfativa, tátil, como quer que ela se chame? Você conhece o jurandir?
|