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Luta pela existência
30/10/17
Mais de uma vez presenciei bem-te-vis perseguirem gaviões em defesa de seus ninhos. Eles sempre procuravam atacar os olhos da ave de rapina. Sábado, o mesmo embate se deu à beira-mar, com um bando maior de pequenas aves que não soube identificar. Primeiro, ouvi os gritos e só depois vi as três pequeninas a se revezarem em arremetidas rasantes sobre outra ave, bem maior, mas difícil de ver por estar pousada sobre uma das caixas paralelepipedais de cada um dos inúmeros refletores nos altos postes de iluminação noturna da praia. Procurei melhor posição para enxergar a vítima do ataque, mas não consegui ver direito o alvo de tanta fúria. Passantes não confirmaram minha experiência de adolescente quando, em grupos de dois ou três, parávamos em plena avenida Rio Branco e ficávamos olhando e apontando o céu, só para ver crescer o grupo de transeuntes ao redor, também procurando ver o que não víamos (o Sputnik fazia, então, muito sucesso!) Ali, no calçadão, todos seguiram alheios à minha curiosidade. Após algum tempo, o grandalhão começou a se posicionar em outra direção, de frente para noroeste e, de repente, alçou voo naquela direção. Os perseguidores o seguiram e logo surgiram mais uns quatro ou cinco dos miúdos para apoiar a esquadrilha de ataque. Quando o gavião decolou - sim, era um gavião! - pareceu-me ver uma vítima em seu bico, provavelmente um filhote dos atacantes. Impossível ter certeza, devido a escala e ao contraluz. O gavião se desviou duas ou três vezes de seu voo linear, pelos ataques insistentes dos pequeninos, mas depois seguiu sua trajetória ascendente até desaparecer além do terraço de um prédio da orla, onde se percebia alguma vegetação. Os atacantes se dispersaram e eu fiquei ali, a imaginar o filhote do gavião tendo a fome saciada pela difícil conquista de sua mãe. |
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