autora: Mima 

Mão estúpida

18/12/15

Mão estúpida! Locução celebrizada por Bandeira no poema "Gesso", emergiu hoje, manhã afora, nos desastres causados por ambas a me coroarem os antebraços. Qual rebeldes, se insurgiram em gestos impensados a quebrar ou espalhar conteúdos e recipientes.

Nada demais, nenhuma perda a assinalar, mas me espanta o poder de abalarem um suposto equilíbrio tais ninharias. A reação instantânea semelha se estar frente a catástrofe formidável. Porém, nenhuma aeronave caiu nos Andes nem terremoto moveu continentes ou oceanos, apenas um pouco de pó de café voou pelas redondezas para aterrissar nos mais recônditos esconderijos, escaninhos e frestas. Grande coisa! Mas soaram alto imprecações e ofensas sem ofendido!

Depois, quiçá graças às altas umidade e temperatura, o pote e seu conteúdo foram ao chão, como Terezinha na cantiga de roda, e se fez em mil e um cacos, caquinhos e pontinhos reluzentes. De novo, nenhuma tragédia, nenhum morto, nenhum ferido (salvo alguma formiguinha desavisada) nem simulacro de lama gosmenta de processos extrativos, apenas frutas picadas e cacos muito alvos a provocar uma fúria descabida nas vociferações e abominações do instante do acidente.

São heranças muito antigas a persistirem em nós, impulsos inconscientes vindos de tempos imemoriais e de funcionamento automático, mas logo dissolvidos pela razão. Apontam uma predisposição há muito calcada e, eventualmente, passível de aflorar e, quando a razão vacila, induzir, aí sim, desastres diversos nas relações humanas.

Se o pequeno acidente sublinha a falha da mão, mais ainda ressalta a maravilha deste instrumento de um milhão de utilidades (mil e uma é muito pouco!) Basta atentar um pouco a seu labor cotidiano e a seu grau de precisão para se rir de eventuais falhas, das distrações capazes de derrubar a pequena estátua do poeta.,

Fri, 18 Dec 2015 17:03:02 -0200

MUITO BOM! Conheço muito: desatres (e habilidades) manuais e imprecações descabidas :)))

      sem assinatura

Pois é, mas na pressa confiei na memória e troquei o adjetivo usado por Bandeira: é estúpida a mão e não desastrada...


Fri, 18 Dec 2015 17:30:23 -0200

... e acho que vou ler e
reler algumas vezes
este recente texto
do meu ermano
querido.

mas acho que,
de alguma maneira,
ainda ei de ler e
entender tudinho
de uma vez só...
e com fluência...

juro!

      sem assinatura

Perdão!
Foi feito na correria e acabou mesmo obscuro, culpa toda minha, fora os tropeços das mãos, hoje particularmente inábeis, no teclado. Mas, ei! Faltou um agá no seu ei... hehehehehe


Mon, 11 Jan 2016 07:52:13 -0800 (PST)

nao lembro da locucao do Bandeira

mas
entendo e mais ainda tbm digo esse palavreado todo e fico toda alterada com coisinhas corriqueiras
q nem vc hehehe

      sem assinatura

A locução mencionada é "mão estúpida", como Bandeira usou no poema, mas confiei em minha memória e o título saiu errado.
Ainda rosna feroz em nosso âmago a fera irada que fomos ao longo da evolução.

|home| |índice das crônicas| |mail|  |anterior|

2457375.16309.1343