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Matar30/04/02- Tenho notado: o homem mata mais... - Mais do que quem - perguntei -, do que o resto da bicharada? - Não, mais que a mulher, mata mais do que a mulher. Com uma paulada os homens são capazes de matar um sentimento. O que era amor - pou! - é esmagado como barata, com uma cacetada. Parecia sufocada. Por certo ainda não dera sua paulada ou o golpe não atingira o alvo, pois eram nítidos os sintomas dos chamados males de amor. - Mata mais, ponto. O homem mata mais. É só isso - falei. - Não sei... - O homem foi treinado para matar. O aprendizado vem de longe, de quando era macaco e catava e comia piolhos no pêlo da companheira. - Lá vem você com essa sabedoria cheia de bichos! - Não sou eu, é o doutor Varella que conta sobre os primos chimpanzés e, a julgar pelo que ele diz, matávamos e comíamos também muitos bebês. Apenas para conquistar ou confirmar o poder. Matar um sentimento parece o de menos, para quem mata por poder, não acha. - Não. Acho que já nem sentem mais... - Coração de pedra? - Granito da Tijuca! Carapaça à prova de bomba agá. Ocorreu-me dizer que coração de pedra não é privilégio do guerreiro, ao contrário, o general, o político, o intelectual e todos os fardados de toga e espada se vêem empedernidos muito antes de que o adolescente quase imberbe é seduzido por propaganda e marcha ensurdecido por hinos para matar, para morrer. Calei, não era esse o guerrear em pauta. Além do mais, mesmo que eu possa saber o jeito atroz dos homens para matar a porretadas o mais cândido dos sentimentos, como conhecer o que as mulheres sentem? Os homens precisam ter o jeito masculino de ser, que significa apenas ter o modo de ser dos homens. Assim como é delicioso e fundamental que as mulheres sejam e continuem a ser femininas ou, com a essência e a beleza específica das mulheres a lhes impregnar corpo e alma. |
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