Crônica do dia |
Augusta veio por ser agosto e um nome puxa outro, por eufonia ou simpatia e, agora estava lá, no fim do mundo, que sempre acaba onde se está pois, a começar ali a volta à bola, também ali se acabará. Já se vê que não me ocorre assunto e o dia corre célere, mas calar, tão óbvio e fácil, me incomoda, pois você espera esta voz e a retribui com o carinho de uma palavra que, por si só, sorri e afaga. O dia corre apressado e, de novo, se vê que deu praia. Praia para ninguém botar defeito. O único defeito é a distância. Aliás, o defeito está sempre na distância. Quase tudo, quase sempre está perto ou longe demais. É raríssimo que alguma coisa ou pessoa esteja ao alcance da mão, da boca, do passo, do olhar - do que for. A matéria se impõe - cumpre levá-la, como uma mala, um embrulho, uma pedra. Doma-se o cavalo, a bicicleta, a carruagem, o bigode do Ford e sua descendência, a Maria Fumaça, o metrô, a jangada, a caravela e parentela, o Boeing, a prancha, os patins e as Havaianas. Mas, qualquer que seja o método, é sempre uma chateação estar aqui quando se quer ou precisa estar acolá. Um pio cá outro, lá. A vida tem duas notas e com elas poetas, namorados repentistas cantam todas as canções, tecem os Bach todas as sinfonias para que nos pareçam doze, como ovos. Uma nota diz: não morra e a outra, Jeová a traduziu no crescer e multiplicar. Por toda parte toda natureza cuida destas tarefas. E ao Homem? É isto tudo que lhe cabe? Já se vê que não me ocorre assunto e o dia corre célere, melhor calar... |
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