Stanislaw Ponte Preta, o Sérgio Pôrto, foi o primeiro a gritar diante da tevê: olha a máquina de fazer doido! Hoje, já teria dado o berro: olha a máquina de fazer idiota! Como, você não viu?
Não viu, viu! Cuidado! Pode ser um sintoma, um primeiro sinal. Afinal trata-se da máquina de fazer idiota! Apalpe, confira a pulsação. Sente-se um idiota? Respire fundo. Tem se exposto muito ultimamente? Gostou das declarações do presidente? Cuidado! Pode ser grave...
Só que a de fazer idiota é mais requintada. O computador, como também é chamada, tem mais requinte, é mais letal. Cá na drogaria leva tarja preta. A tevê fica com a encarnada, como a daquele saco azul de açúcar do tempo de criança que, evidentemente, os anos jamais poderão trazer. A infância, dona Sabrina! A infância, a aurora da vida, oculta nos esconderijos da gramática com nomes incompreensíveis de curvas geométricas - elipse, parábola, hipérbole. Perde-se a infância como a virgindade: uma única vez. E note, querida Sabrina, nossa drogaria poderia muito bem ser porcariaria da mesma forma, pois tudo que faz é tarjar drogas, coisas abjetas, porcarias e afins.
Com o tempo, os monitores se tornam os maiores suspeitos. Nos colégios havia monitores, encarregados de amolar as crianças para que estas não amolassem os adultos. Depois, vieram os monitores de tevê e, por fim, eles surgiram nos computadores. Aparentemente, todos têm algo em comum: são ótimas babás.
A tática básica é sempre a mesma: evitar que a atenção se volte para a vida e a morte. Monitores, de todo tipo, são peritos em ocupação. Mestres na arte do entretenimento, na malandragem de como ocupar o tempo alheio com todo tipo de inutilidade... como esta aqui.
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