foto de Mimacrônica do dia

Nilcéia

06/08/08

Nilcéia, bela bruxa a contradizer a tradição, certa feita abandonou outros afazeres e muniu-se de pena, tinteiro e papel, ainda que virtuais e transmudados na absurda tela de um computador e viu escorrer de seus dedos febris caudalosas linhas, verdadeiro Amazonas de delírios. Pouco compreensíveis, logo se proclamaram os escritos, comparados à verborragia de velhos autores, ditos santos, profetas, iluminados e alucinados. Eis um trecho, sob o pretexto de matar curiosidades:

Impossibilitada de produzir cana e, dela, boa caninha, pelos entraves, embargos e protelações burocráticas interpostos por indústrias cervejeiras; sem poder, tampouco, plantar gado vacum na Negra Floresta, ante zelos ecológicos de poderosas organizações e desorganizações governamentais; fascinada pelos embates da Formiga com a Cigarra, e muito mais, a Alemanha pôs-se a fazer gente e as boas saxãs d'antanho começaram a parir gênios. Não desses banais, metidos em lâmpada vagabunda ou uma garrafa qualquer a exalar vapores etílicos, não, pariram Einsteins, Nietzsches, Leibniz, Bachs, Beethovens, Mozarts, Schopenhauers, Hegels, Kants, Schieles e mais, muito mais...

Aconteceu de começarem a pipocar outros rebentos, a rebentarem frutos e falhas de tanta genialidade, artes e travessuras, até que o átomo, indivisível para deuses de olimpíadas primevas, se desnudou em tenebroso strip-tease e se fez e refez em pedaços de um cogumelo sinistro, fungo de nova era, rastilho dos últimos dias. De um lado, regam-se papoulas multicolores e certos outros frutos da terra, com o lema 'aqui se acabam os cogumelos'. D'outra parte, curva-se um povo ao monoteísmo monetário e dedica à moeda, meio de troca, cacau suas mais belas virgens, fanatismo obstinado do poder do vento e do leme.

Finda o espaço. Quem sabe um dia mostro mais...

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