A tevê Cultura fez coisas maravilhosas, mas sempre teve o ranço de políticos a lhe ofuscar o brilho, ora mais, ora menos. Como instrumento de poder foi sempre objeto de cobiça. Não sei por quê, agora, reprisa programas que já exibiu dúzias de vezes. Com isso aprendi que, às vezes, gosto de ouvir a mesma história repetida, como criança e me deixar levar pela narrativa, sem cuidados. Cada vez se aprende um pouquinho...
"Aquilo que nos faz rir nos liberta" - Márcia Tiburi atribui a Nietzsche o aforismo. Bela, linda demais para uma filósofa, recorre também ao célebre colega ao explicar seu vestido negro: porque Nietzsche afirmou que "uma mulher, quando se veste de preto, sempre parece inteligente" - diz ela, que sempre se veste de preto. "Moro em minha própria casa,/Nada imitei de ninguém/E ainda ri de todo mestre,/Que não riu de si também." - Com esses versos, Nietzsche abre a ciência alegre, a Gaia Ciência. E segue e vai Márcia. Com Nietzsche, Schopenhauer e muito mais. "Seria a natureza uma mulher que tem suas razões para não mostrar suas razões? Seu nome talvez seja, para usar o grego, Baubô! Ah! Como esses gregos conheciam a ciência do viver!" - e segue franca e espontânea também ela poeta e filósofa. Assinala que, malgrado a citação, Nietzsche nada diz sobre Baubô. Ela, todavia, cita alguém, cujo nome esqueço, para explicar que Perséfone, tomada de profunda e absoluta tristeza tornou-se incapaz de falar, de expressar qualquer coisa por qualquer meio. Assim, sucumbe, aos poucos, a seu pesar. Então, Baubô chega diante dela e... levanta a saia - conta Márcia Tiburi. Diante do que vê, Perséfone ri. Ri muito, pois, ao contrário das Górgonas, cuja visão matava, Baubô mostra sua genitália e essa visão cura, porque faz rir. Sem saber filosofar, ecoo a voz do povo, vox Dei: "rir é o melhor remédio". |
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