O tempo e seus mistérios
26/07/17
Na segunda metade da década de setenta, ouvi a explicação de um método utilizado por firmas japonesas, aqui no Brasil, para se comunicar com suas matrizes do outro lado do mundo. Naqueles tempos sem internet, as ligações telefônicas eram muito caras e os japoneses, então, gravavam suas falas, faziam a ligação e as reproduziam com o dobro da velocidade, reduzindo, assim, à metade o preço da ligação. Não sei se a história é verídica, apenas repito o que ouvi. Hoje, muitas vezes tenho dificuldade para compreender a conversa de jovens e adolescentes, inclusive meus netos, por causa da rapidez de suas falas. Dá a impressão de existir muita pressa, e não apenas na fala, também nos pedestres a caminhar, como se existisse uma urgência de fundo psicológico ou a ameaça de um perigo iminente. A convivência com robôs e inteligências artificiais poderia modificar nossos ritmos biológicos? A Evolução poderia aprimorar a eficácia de nossos meios de comunicação e locomoção? Com certeza a pressa e a ansiedade dificultam a observação, seja do presente ao redor, seja do desenvolvimento íntimo de pensamentos emoções e desejos e tal percepção, com neutralidade, é a base do autoconhecimento. Um dia desses o New York Times publicou uma matéria sobre a Décima Conferência de Pesquisa sobre Procrastinação, onde se lê: "No final, o tempo vai nos matar. O único que nos limita é o tempo. Você pode obter outro emprego ou amante. Mas não pode ganhar mais tempo", disse Jean O'Callaghan, da Universidade de Roehampton, de Londres.
A afirmação nega os sonhos de Harari, em Homo Deus, do prolongamento indefinido de nossas vidas pelos avanços na biologia e robótica. Por outro lado, os atuais hábitos da juventude ganham tempo, efetivamente, mesmo se comprometem eventuais estados de espírito ou possibilidades de compreensão... |
Wed, 26 Jul 2017 12:17:39 -0300 Oi, Clôde Oi, Ana, Fri, 28 Jul 2017 12:26:51 -0300 Muito interessante! sem assinatura Obrigado. Sun, 6 Aug 2017 13:23:58 -0300 Muito muito boa essa observação, mais uma vez. sem assinatura Verdade. |
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