Publicação esporádica, a se perder como mugido de vaca que, todavia, muge apesar da inutilidade declarada de seu berro.
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Objetivo16/10/06"Já se disse que a grande questão que se lança agora é se o homem parte, daqui para frente, com velocidade crescente em direção a um aprimoramento ilimitado e até hoje inconcebível ou está condenado a uma perpétua oscilação entre a felicidade e a miséria e, depois de todos os esforços, ainda permanece a uma distância incomensurável do objetivo sonhado." Oh, leitora eternamente jovem e leitor sempre a acrescentar o que me escapa à percepção, ao texto; conhecem esta frase, que põe em cheque a humanidade e elogia sua capacidade ao mesmo tempo em que dela duvida? Não percam mais tempo a repassar candidatos, desfilar pela memória celebridades de cinema e televisão, a frase é velha, não se publicou, sequer na Revista do Rádio, não se repetiu à exaustão em nenhum jingle ou slogan. Vem do final do século XVIII, é o segundo parágrafo do primeiro capítulo de "Um Ensaio sobre o Princípio da População", de Thomas Robert Malthus, publicado em Londres em 1798. Sem IPod nem MSN, sem celular nem telefone, sem televisão nem cinema, sem eletricidade, sem supermercado, sem camisinha... Há sessenta anos o mundo tinha pouco mais de dois bilhões de pessoas. Não sei quantas havia quando Malthus previu que crescíamos rápido demais e logo faltaria comida. Hoje, já somos mais de seis bilhões e meio e boa parte, que usa computador e anda de automóvel, fecha os olhos à outra, a quem falta comida. Não sei se vamos morrer de fome ou por brincar com fogo. Seja como for, permanece o mistério do "objetivo sonhado", da "árvore arriada de dourados pomos". A Ciência explicou, explica ou explicará tudo que for possível explicar, mas fica o que exige mais que a Razão para a compreensão. Malthus mirou a fome e acertou muito mais fundo na alma do ser humano, até hoje condenado "a uma perpétua oscilação entre a felicidade e a miséria". |
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