Obram marqueteiros por toda parte em invasões despudoradas a todos os sentidos, a qualquer hora e sem aviso, quase sempre em tom de zombaria e a chamar nas entrelinhas o freguês de idiota. Inevitável? Conseqüência dos modernos tempos, ainda que se ignore o exato sentido de moderno? Como a seu tempo inevitáveis foram cintos de castidade e tribunais da inquisição? Da santa madre igreja católica apostólica romana, a mesma dos sinais de fumaça de índio em filme de bangue-bangue e que dobra sinos para anunciar novas ao planeta, como se cega fosse aos olhos das todo-poderosas zuns e às redes universais, herança militar do eterno afã de sempre melhor bisbilhotar tudo e todos, quais vizinhas fofoqueiras que se entretêm entre maledicências e mexericos? Divago, e antes que diga o que ia dizer, faz-se mister dizer o que não ia: não acredito no que vou dizer. Pronto! Dito isso, passo ao que ia dizer e não disse antes de dizer o que disse: hoje, a única revolução possível, para revirar a sociedade do jeito que está - em louvações à posse de bugigangas como automóveis, computadores, rolexes, celulares, pedras transparentes e coloridas, metais brilhantes e polidos e todo tipo de tralha - a única verdadeira revolução social possível é cada um fechar as contas nos bancos e eliminar os cartões e usar tão só a velha e idiota moeda corrente, debaixo do colchão. O resto faz banqueiro rir.
Repito, não acredito ser possível criar uma sociedade justa a partir da subversão da ordem financeira, o que não me impede de sofrer o fruto da obra de marqueteiros. Não sei como você, leitor, reage a certos reclames, mas a mim alguns obrigam uma decisão: jamais usarei o que se anuncia! São coisas tão irritantes e idiotas que me dão a certeza de que melhor fazem os nordestinos quando chamam de obra ao produto fétido de seus intestinos. Afinal, há obras e obras! |
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