Há dois mil anos era o comportamento de uma prostituta a desencadear a onda de ódio coletivo e elevar o clamor por vingança. Hoje, foi o ataque hacker aos prédios de New York e Washington que amplificaram a onda e o brado.
Há dois mil anos havia 27 milhões de pessoas no mundo. Hoje, somos mais de seis bilhões.
Há dois mil anos um punhado de gente ficou a par dos eventuais pecados de Maria de Magdala, a Madalena. Hoje, todos que podem compreender assistiram ao espetáculo de imagens quase tão perfeitas quanto as das histórias de ficção e das histórias em quadrinhos.
O clamor de dois mil anos atrás era por matar, à pedradas, a Maria que desrespeitara as convenções locais, não cumprira o que se esperava e fora combinado. Hoje, a fúria dos apedrejadores, por enquanto, é contra um fantasma. Em pouco tempo, é provável que seja contra um ser humano, ou vários. Assassinos, iconoclastas, terroristas - não faltarão adjetivos e impropérios.
imagem "captada" na internetHá dois mil anos alguém percebeu que somos, a um só tempo, todos vítimas e todos terroristas, seqüestrados e seqüestradores etc. Há dois mil anos teria havido luz e voz para deixar claro quem deveria jogar a primeira pedra. O ódio coletivo contamina a todos. O ódio é mortal para quem odeia.
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