Outro tombo
17/10/18
Só algum tempo depois pude imaginar o que, provavelmente, acontecera. Passado algum tempo, era patente o inchaço na articulação do pé com a canela e, para não deixar dúvida, doía. No momento do tombo, era impossível vislumbrar a cena em câmara lenta. De repente, está-se estatelado no chão, na beira da rua, literalmente na sarjeta. Os carros passavam sem se importar, mas o comportamento dos transeuntes confirmava galhardamente a boa índole da maior parte das pessoas e, como da outra vez em que caí, logo um senhor deitou no chão sua bicicleta, por falta de qualquer apoio no local, e correu a me estender a mão. Perguntou-me como podia ajudar e levantou-me até a platibanda um pouco mais alta ao redor do poste, na calçada. Ali me sentei enquanto procurava explicar-lhe "as pernas fraquejaram..." e, naquele momento, pensava mesmo ter sido uma falha muscular o motivo da queda. Só depois, pelo inchaço, achei ter caído por torcer o tornozelo, como já me ocorrera na juventude em desentendimento com um degrau. Diante de sua cortesia e predisposição a ajudar, falei: "espero um pouco e depois sigo". Ele se ofereceu para aguardar e me ajudar a levantar. Convenci-o de poder me virar e ele se foi com sua simpatia. Pouco depois, uma senhora ao ver-me ali sentado rente ao meio-fio, ofereceu ajuda, prontificando-se a fazer qualquer coisa. Tive de lhe repetir as explicações já dadas ao ciclista mulato. Esperei mais um pouco e consegui me erguer, com dificuldade, catar as compras ali esparramadas - dois ovos se romperam com o tombo, dentro da embalagem - e caminhar poucos metros até a porta de casa. A condição de bípede nos liberou as mãos, instrumento absolutamente maravilhoso e importante, mas os quadrúpedes têm muito maior estabilidade em seu relacionamento com a irremovível ação da gravidade. |
Wed, 17 Oct 2018 09:22:30 -0300 Sua frase " A condição de bípede nos liberou as mãos, instrumento absolutamente maravilhoso e importante, mas os quadrúpedes têm muito maior estabilidade em seu relacionamento com a irremovível ação da gravidade." é lapidar. Iluminou a manhã. Oi, Ebert. Wed, 17 Oct 2018 12:24:35 -0300 Vivo caindo no chão e, é claro, na frente de todo mundo...Da última vez quebrei duas costelas. Doía tanto que nem conseguia respirar. Depois de um bom tempo esticadona no chão, todos que me conhecem porque também passeiam pelas calçadas com seus cachorros queriam me ajudar a levantar. Respondia: de jeito nenhum, aqui está ótimo! sem assinatura Compreendo sua resposta. Ontem, também queria ficar sentado ali, junto ao meio-fio (guia em São Paulo) e expliquei a duas pessoas atenciosas que depois continuaria minha jornada... A calçada imunda também me pareceu ótima. Caído, não existia o risco de voltar a cair. Wed, 17 Oct 2018 10:26:21 -0700 (PDT) Clode, Oi, Maren. sem assinatura Mon, 5 Nov 2018 10:59:08 -0200 Procure um ortopedista especializado em pe sem assinatura Obrigado. |
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