Ligo o rádio.
Você pode nos acompanhar também pela internet, pelo endereço... e, enquanto a voz enfileirava dáblius me perguntei se a teria ofendido, talvez ela, a voz, não queira ser ouvida, pelo menos ali, nas frequências das ondas médias. Imagino se se sentiria invadida... mas não em sua privacidade, me apresso a acrescentar - quem se publica por ondas hertzianas abertas abriu mão de vez de toda privacidade, cogito cá com os inefáveis botões, fiéis companheiros de vãs elucubrações, mesmo quando calha de se estar sem nenhuma vestimenta.
A voz, única ligação com o ouvinte, após solicitar o acompanhamento pelo computador - não se especificou se deveríamos desligar o rádio - continuou: você pode também entrar em contato conosco... e se pôs a desfilar a infinidade de meios disponíveis para tanto. Iam de uma simples mensagem, daquelas com arroba no meio como signo de endereço eletrônico, a mensagens de texto pelo celular e, aí, foi preciso especificar quanto se cobraria por cada mensagem por eles solicitadas ao ouvinte ou, então, poderia este se manifestar pelo tuíter e cada opção implicava em códigos e endereços de acesso, passaportes para, longe do rádio, viver outras experiências, computacionais. Em seguida, a voz implora para nos tornarmos seus seguidores - seguidores, leitora delicada, lúcido leitor, seguidores, como camelos atrás de seu condutor! - e o rol parecia interminável a enfileirar o feicebuque, o orcut e sei lá que mais...
tecnologia do passado
Ouvinte, elo terminal do rádio, dessa tecnologia do século passado, para muitos, ultrapassada, ouvi e me perguntei se não andaria o 'ouvinte' cotado abaixo das célebres moscas dos filmes de bangue-bangue. O ouvinte não importaria mais e a prova cabal de sua insignificância seria não se escolher mais pela voz a quem entregar o microfone.
Desligo.
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