Crônica do dia

Pão e saliva

14/03/07

Eis o último pão no cesto envernizado do mercadinho - que bom! Vale duas vezes o intensificador expletivo, uma por haver o alimento e outra por não ser necessária escolha. Detesto escolher!

Peguei o pão, que chamam de italiano que, por constatações e medições, aprendi ser melhor para minha diabetes que outros, chamados diet. Não tenho motivos para desconfiar do Acaso nas escolhas que faz e sempre fez para mim. Muitas vezes elas acabaram decisões cruciais!

Vai começar a entrevista com a professora de sensualidade (sic)! Outra é sexóloga, há especialistas em disfunções eréteis e muito mais. Ouço tudo isso e, sem querer, cogito: como fizeram os animais "irracionais" para sobreviver até hoje?

No princípio era o verbo (há divergência: alguns acham que antes veio a interjeição!) e parece que o fim é desatada verborragia, um desarranjo sem conserto de verbos, advérbios, adjetivos, adjuntos e ademais adendos, ad exemplum, ad hoc.

Gritos e sussurros que escondemos dos macacos - semente que germina em mentes e mente. Pão que enquanto verbo não sustenta membros e corpo e cabeça, embora possa alimentar o que ela encerra ou supõe tecer e nutrir entre sinapses e explicações...

'O mais belo livro de receitas não mata a fome' - quem o disse? Pouco importa. Há coisas para falar - gritar ou sussurrar, vá lá -, outras só se deve agir. Pensaria na professora de sensualidade. Seriam aulas práticas, sem palavras? Na primeira pergunta ela explica que só dá aulas para mulheres... Seu propósito é torná-las mais peritas naquela arte (!?) com seus maridos, namorados, companheiros (deveria dizer e companheiras?).

imagem recebida por e-mail
Rio (década de trinta?)

Que se coma o pão e se cante o poema. O resto é pôr-do-sol e noite de lua cheia, mar que se repete nas pedras e apaga, pelas areias, pegadas. En garde, senão virão professores de micção, orientadores de paladar e...

Assim disse o Houaiss que se chama aquele 'que': a) em frases exclamativas, é freq. us. como intensificador expletivo: que fantástico!; que maravilha! b) ainda como expletivo, é corrente no Brasil em frases interrogativas informais, tanto diretas (o que que você pretende fazer?) quanto indiretas (não entendiam o que que ele tinha na cabeça)   volta


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