Pausa para restaurar

23/07/15

De repente um clique e... nada. Outro e muitos outros cliques se sucedem sem qualquer resposta. É como se os sinais vitais sumissem sem prévio aviso. Vai-se a respiração, a pulsação, o tônus, o corado da pele e sobrevêm o óbito, como diziam os médicos da Secretaria da Saúde.

Nossa dependência da intercomunicação de computadores mundo afora já é vista como vício, semelhante a outros, aceitos ou não, como o alcoolismo, o tabagismo - com tais termos a comprovar aprovação social - ou a maconha, a cocaína e derivados, o ópio e todos dele procedentes, até à heroína, em pose heróica no pedestal paralelo ao do Herói.

Sigo aqui a tricotar linhas em tarefa inútil e, se persistir a ausência de acesso à grande rede, restar-me-á o cachecol sem pescoço algum para aquecer.

Aquilo tido como banal, certo e seguro, desaparece como bolha de sabão. Um simples e-mail, ou mensagem similar, não se pode mandar; impossível conferir a página habitual, com informação renovada de tempos em tempos; inteirar-se de fofocas e fuxicos sobre os amigos ou supostos amigos colhidos nalguma grande rede de relacionamentos; deleitar-se com outros mexericos travestidos de notícia ou com uma patética sinfonia; se emocionar com minúsculos filmes a respeito bichinhos carinhosos ou crianças prodígio, protestos variados, dicas imperdíveis - isso e muito mais desaparece, morre sem argumentação, como em toda morte.

Faça-se cá uma pausa, a ver se consertam as malhas perdidas e nos restauram a tal rede tão essencial ao respirar. De volta, encontro a rede restabelecida e restaurados todos os sinais vitais: apertar o rato, à direita ou à esquerda, resulta em comandos a comandar a impalpável realidade desse abstrato universo virtual. Deu-se o milagre de ressurreição, na certa operado por alguma equipe a mexer em cabos noite afora.

Thu, 23 Jul 2015 09:05:17 -0300

É isso. O chão some debaixo dos pés... Sensação de desamparo. Toda vez é um susto. Gostei da sua observação. Outro dia ouvi na TV uma mais macabra ainda: "evoluiu para óbito". Depois, pensei melhor e vi que o destino da evolução é esse mesmo. Nada a fazer, a não ser aproveitar o aqui e agora. Grande abraço. Ebert

Creio ter ouvido também, na Secretaria, esta forma mais macabra, mas já se foi um quarto de século e a memória falha. No final toda vida "evolui" para a morte. Fiquemos com o presente.


Thu, 23 Jul 2015 16:27:04 -0300

E você escreve bonito, ein, mermão?

Dá gosto ler.

bjos

      sem assinatura

Em setenta e um anos acaba-se aprendendo alguma coisa...
Obrigado,


Sat, 25 Jul 2015 19:39:38 -0700 (PDT)

e essa foto eh de qdo? quem tirou?

      sem assinatura

Está escrito (sob ela) ser de 2010. Eu acredito. Não sei mais quem é o autor.


Sun, 26 Jul 2015 12:59:03 -0300

A crônica, veio a calhar !!!!

Falando nisso, ontem ......."era uma x um japonês" que ficou aqui umas 6 horas, limpando, bulinando,
trocando, acrescentando, olhando ,tirando ..... para hoje, eu mal conseguir enviar este @.

PÔ, mudou tudo. Nem emoções baratas estou conseguindo ter.

Beijo, menino.
Até.
Ameris

Vai ser preciso criar novo termo na psicologia: dependência eletrônica, ou cibernética ou intenética, sei lá!

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