Um domingo de verão perdido no inverno. Ontem, 28 de agosto de 2011, apesar da posição do sol na abóboda confirmar-nos a estação, inverno em seu terço final, a temperatura e umidade do ar teceram-nos um esplêndido domingo de verão neste trópico caprino. Por volta de vinte horas, o INPE-CPTec assinalava para São Paulo 29ºC e a umidade relativa do ar era, se não me engano, 28%. Cedo, o sol brilhava forte e branco a pintar a paisagem com minúcia e vigor. As árvores, faziam cada uma, sua própria estação, Umas com folhas novas, ainda pequenas, tenras e transparentes, tornavam-se mais espetaculares à contraluz em ramos negros delineados por esta luz. A paineira, densa com as novas folhas em volumes e sombras monumentais. O liquidâmbar com folhas secas e os brotos em forma de botão das novas. Tudo se destacava sob a luz branca do sol. Abundavam, nesta hora, passarinhos, arrulhos, pios e sussurros. Só mais tarde viria um vento, com rajadas fortes, aplacar o calor impiedoso do sol sobre a pele nua. Cada balde de água, aqui ou acolá, parecia fazer uma planta sorrir. Ao meio-dia, o galinho de Portugal reverberava-se em forte coloração azul. Vieram os gatos visitantes. Primeiro, um que suponho macho, com sua coleira surrada. Depois, apareceu outro, ou outra talvez, um pouco maior, muito mais feia, com olhos pequenos e próximos e bochechas enormes. A interação dos dois me entreteve por, pelo menos, meia hora. Longos minutos se passavam com cada um deles absolutamente imóvel, sem tirar os olhos do outro. Nos dias de verão, mesmo quando calham no inverno, tudo se torna especial! O feio, ou feia se foi e o outro passou a tarde por aqui. Apesar da lua nova, o céu tinha poucas estrelas. Ao norte, Júpiter brilhava como imperador de um firmamento poluído. O domingo de verão findava perdido no inverno. |
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