Por telefone
28/05/18
Lembro com nitidez um telefonema, em uma longínqua manhã de 2001, curtíssimo e absolutamente objetivo: "pai, liga a tevê". Não foi preciso indicar canal pois naquele momento todos exibiam a mesma imagem. (Meu filho sabia só existir televisão aberta na casa de seu pai.) Desligamos o telefone e liguei a televisão (semanticamente, a troca da fala pela visão) a tempo de ver o segundo avião se aproximar e invadir um prédio monumental em Nova York para, em seguida, explodir. Era o célebre 11 de setembro. Pude testemunhar assim, acompanhado por uma enorme fatia dos pouco mais de seis bilhões que éramos na ocasião, um acontecimento extraordinário e não inédito apenas por ser a segunda aeronave. Depois do primeiro avião, em todo o mundo as emissoras retransmitiam ao vivo a ensolarada e trágica manhã nova-iorquina. O fluxo de notícias, seja no âmbito internacional, seja no local, sobre um bairro ou pequeno grupo formado por qualquer critério, merece sempre alguma suspeição. A escolha dos assuntos, que os jornalistas decidem nas reuniões de pauta e participantes de redes sociais com o compartilhamento ou não do tema, separa como informação o importante do irrelevante. Com as Torres Gêmeas, não houve reunião de pauta e se compartilhou a novidade por automatismo, sem pensar, extrapolando inclusive o âmbito das redes sociais, como no telefonema mencionado. A verdadeira notícia se impõe e é ampla e rapidamente difundida, independente de iniciativas e decisões. Outros fatos noticiados no dia a dia, ao contrário, vêm carregados com interesses de um ou outro grupo e, quase sempre, visam influenciar de algum modo os receptores. O exemplo brasileiro emblemático foi a criação do inolvidável Repórter Esso, em 1941, para fazer propaganda dos Estados Unidos da América durante a Segunda Guerra Mundial. |
Mon, 28 May 2018 14:22:19 -0700 (PDT) nao sabia da origem nem da data de criacao do reporter esso ... sem assinatura Foi muito marcante. Apesar dos objetivos ocultos, tinha um jornalismo objetivo e nada prolixo. Tenho saudade de noticiários com bons locutores (rádio é som, voz!) e informações não novelescas... |
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