ident. Secretaria de Participação - out 1986

Por telefone

28/05/18

Lembro com nitidez um telefonema, em uma longínqua manhã de 2001, curtíssimo e absolutamente objetivo: "pai, liga a tevê". Não foi preciso indicar canal pois naquele momento todos exibiam a mesma imagem. (Meu filho sabia só existir televisão aberta na casa de seu pai.) Desligamos o telefone e liguei a televisão (semanticamente, a troca da fala pela visão) a tempo de ver o segundo avião se aproximar e invadir um prédio monumental em Nova York para, em seguida, explodir.

Era o célebre 11 de setembro. Pude testemunhar assim, acompanhado por uma enorme fatia dos pouco mais de seis bilhões que éramos na ocasião, um acontecimento extraordinário e não inédito apenas por ser a segunda aeronave. Depois do primeiro avião, em todo o mundo as emissoras retransmitiam ao vivo a ensolarada e trágica manhã nova-iorquina.

O fluxo de notícias, seja no âmbito internacional, seja no local, sobre um bairro ou pequeno grupo formado por qualquer critério, merece sempre alguma suspeição. A escolha dos assuntos, que os jornalistas decidem nas reuniões de pauta e participantes de redes sociais com o compartilhamento ou não do tema, separa como informação o importante do irrelevante.

Com as Torres Gêmeas, não houve reunião de pauta e se compartilhou a novidade por automatismo, sem pensar, extrapolando inclusive o âmbito das redes sociais, como no telefonema mencionado. A verdadeira notícia se impõe e é ampla e rapidamente difundida, independente de iniciativas e decisões. Outros fatos noticiados no dia a dia, ao contrário, vêm carregados com interesses de um ou outro grupo e, quase sempre, visam influenciar de algum modo os receptores. O exemplo brasileiro emblemático foi a criação do inolvidável Repórter Esso, em 1941, para fazer propaganda dos Estados Unidos da América durante a Segunda Guerra Mundial.

Mon, 28 May 2018 14:22:19 -0700 (PDT)

nao sabia da origem nem da data de criacao do reporter esso ...
mas lembro bem

      sem assinatura

Foi muito marcante. Apesar dos objetivos ocultos, tinha um jornalismo objetivo e nada prolixo. Tenho saudade de noticiários com bons locutores (rádio é som, voz!) e informações não novelescas...

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