Prenúncio de um fim
19/01/12
Volto a frase que tanto repeti: "vago e nebuloso é o começo de todas as coisas, mas não o seu fim", em verdade, trecho do parágrafo de abertura do poema O Profeta, de Khalil Gibran: "Se estas palavras são vagas, não as tentem tornar claras. Vago e nebuloso é o começo de todas as coisas, mas não o seu fim, e eu gostaria que vocês se lembrassem de mim como de um começo." 'Kodak pede concordata nos EUA', dizem os jornais de hoje. Eu dizia há trinta anos: "O próximo era funcionário de um banco, que juntava dinheiro e sonhos de se tornar um grande industrial. Pegou com cuidado o papel, como quem pega algo valioso, e seus olhos se iluminaram. Sorriu, nada disse." Adiante, explicava se tratar de George Eastman. Sua poderosa empresa teve papel importante nos acasos que me levaram pelos caminhos percorridos vida afora. Nas instruções de seus filmes - que eu chamava de bulas - e em suas publicações técnicas para "amadores" e "profissionais", aprendi muito. Seu gigantismo me incomodou, por uma deficiência que persiste em mim, uma inclinação a tomar o lado dos mais fracos e, muitas vezes, optei por usar filmes e papéis de outros fabricantes apenas para não me sentir subjugado pelo poder do titã. A alemã Agfa, a inglesa Ilford e até marcas da extinta União Soviética me serviram para tentar negar o poder da Kodak. Hoje, a notícia da perspectiva de um fim me toca, como se se anunciasse a morte de um conhecido e apesar de a fabricação de material fotográfico ter se tornado algo secundário naquela empresa. Nada dura eternamente e, assim como uma árvore imponente, vivida de muitos séculos, um dia cai ou se desmonta aos poucos, todo aparato em torno das imagens obtidas com reações dos sais de prata desmoronará. A beleza da vida está em seus começos nebulosos tanto quanto em seus fins abruptos. |
Thu, Jan 19, 2012 at 3:03 PM que lindo Somos uma mistura de razão e emoção e, às vezes, nos espantamos com o equilíbrio ou desequilíbrio dessa mistura. Thu, Jan 19, 2012 at 5:03 PM que beo texto, meu irmão, mais uma vez... sem assinatura Pois é, fizemos uma sociedade desumana e, agora, reclamamos de nossa obra sem saber muito bem como a melhorar. Thu, Jan 19, 2012 at 9:46 PM cau ... sem assinatura Não só não sou mais com nunca fui. Apenas aproveitei acasos e insinuações da vida e e uma vontade enorme de 'dar aulas'... |
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