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Previsões04/04/06Bancos governamentais, onde uma Índia de funcionários recebe mesada de origem nebulosa, de cofres nutridos pela sangria de infindáveis dízimos, esses bancos anunciam sem parar - propaganda cara, também paga do mesmo jeito, sempre pela mesma fonte vaga e indefinida -, pagam, dizia, para convidar os pagadores de dízimos, a lhes pagar também, juros, os mais caros e mais cobiçados do planeta e, quiçá, do universo. Em resumo: os bancos do governo, fazem propaganda caríssima paga pelo governo, para condicionar os que sustentam o governo a, ainda por cima, pagarem os juros absurdos tabelados pelo governo, ao governo. Parece incesto, mas é só imoral. O presidente da república, general da banda e gerente geral da nação, é sempre tido por reto e correto, ético e moral, um quase padre Cícero. Note, leitora antiga ou recém-chegada: digo presidente da república por crer que quem governa é, em verdade, o cargo. O ocupante tanto faz. É sempre transitório e pouco importa quem seja. Fosse outro e daria no mesmo, pois preso à fatalidade dos cordéis do verdadeiro poder, o econômico, não passa de títere que, por mais perfeito que seja, nada pode sem as mãos que o manipulam. O poder material, poder desse mundo rasteiro, da política e da corte, é a riqueza, são tesouros, o poder de compra, a posse do objeto mais desejado. O resto é poesia. Minto, há um poder paralelo: o da mulher bonita - efêmero, é verdade, mas que pode suplantar qualquer outro.
Dir-me-ão que exagero, pois há Malufes e Kubitscheks. Perfumaria, só a superfície muda, não as mãos que manipulam os cordéis. Veja o discurso inflamado do ministro, senador, deputado - se ganha um novo cargo, muda de posto, mudará a fala e negará, com a mesma ênfase, tudo que disse na véspera. Todos eles invejam o presidente, cobiçam seu lugar. Quem ganha as eleições? As mãos invisíveis. |
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