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Rachas11/8/2004Para ir direto ao ponto seria preciso perguntar o papel que sobrou aos sindicatos, passado o tempo das conquistas retumbantes para trabalhadores e categorias, que vícios sobraram, que virtudes se perderam - seria preciso ver com clareza o papel que, hoje, cabe aos sindicatos. Que se apurem ouvidos a ver se não ecoa o murmurar de zelosas senhoras, nas bandas das Gerais, em ensaio geral que, em nome da Família, ente fabuloso e abstrato, se associaria com um deus para iniciar, as senhoras mineiras, nova Marcha da Família com Deus Pela Liberadade... Agucem-se os ouvidos, na madrugada mais alta, para as bandas de Minas... ou seriam, dessa vez, carolas paulistanas? Ou viria o rumor d'alhures? Os jovens não sabem de que falo! Disse um ministro que a liberdade de dizer, a tão cantada LIBERDADE DE IMPRENSA, "não pode ser absoluta". É fantástico e, ao mesmo tempo, cria nova relatividade: LIVRE, DESDE QUE... Por certo, o tal ministro proporá à Academia Brasileira de Letras nova definição para liberdade! Antes, os governantes sindicalistas já haviam proposto censura a Promotores Públicos, a tal de lei da mordaça e outras formas de controlar e impor limites, se não ao pensar em si, pelo menos a sua expressão e divulgação. A censura direta a pensar, ao "livre pensar" do aforisma de Millôr, se dá através do sofrimento, da tortura, que impede todo pensamento e, consequentemente, torna impossível o "é só pensar". O medo tolhe toda a possibilidade de beleza, toda chance de criação e quase sufoca o próprio fluir da vida. A ética não é um conjunto de regras, o manual de um jogo ou as leis de um povo. Estimular a delação gera a violência; impedir a liberdade leva à esterelidade. Sindicatos são excludentes, segregam. Dividir o frágil planeta, seja em países, seja em classes ou no que for, enfraquece e racha a sociedade. |
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