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Relatividade da relevância
26/02/17
A notícia, também ela, muda com o correr do tempo. Ao que se dava importância há cinquenta anos e os pauteiros de então sublinhavam nas redações como material importante para ser enviado às rotativas e dali distribuído por caminhões até as mesas de café da manhã da burguesia ou como cardápio a ser consumido em ônibus e lotações pelo trabalhador durante a viagem, hoje, talvez pareça irrelevante, banal, indigno até de uma notinha ao pé de página interna. Por outro lado, a recente revolução tecnológica ressaltou outros fatos, antes inexistentes e aos poucos mudou, e muito, o espectro de interesse jornalístico. Sábado, uma manchete do jornal a se dizer o maior do país (muitos se dizem?) dizia: "Redes sociais comentaram a folia no Anhembi", ou seja, o interesse não está na folia do Anhembi mas, sim, nos comentários feitos pelo público nas redes sociais... O papel do jornalista também se modifica e a velha meta de informar, aos poucos, se transforma em uma tentativa de "convivência", mesmo se indireta, com o público. Por toda mídia ecoam súplicas de "participação": nos contem, nos falem, publicaremos sua opinião, sua fotografia, seu vídeo, seja nosso repórter informal e, ao mesmo tempo, repisam-se os canais e meios para envio das informações pedidas, como se todos proclamassem a preferência pelo freguês, mas de olho na mercadoria. A insistência da mídia nesta colaboração tem um lado obscuro: nenhuma contrapartida é oferecida pelas matérias vindas de leitores, ouvintes ou espectadores. Ora, são empresas de negociação da informação e lucram com isto, mas buscam a obtenção de matéria prima gratuita... Como se vê, não se modificaram com o passar do tempo apenas os meios de informação e divulgação, mas ela própria, a informação, se molda à mutável perspectiva da História e do cotidiano humano. |
Mon, 27 Feb 2017 08:46:07 -0300 Oi, Clôde Oi, Ana, |
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