Salada mista
18/06/03
O inverno começa sábado. Para alguns, um minuto antes das quatro horas da tarde, horário de Brasília, e para outros, doze minutos mais tarde.
Ontem a jabuticabeira estava coberta de botões. Hoje, toda florida. Em cem dias, mais ou menos, estará cheia de frutos e atrás deles virão pássaros, insetos e outros bichos.
No rádio, uma advogada e candidata à presidência da OAB-SP menciona o valor de alguma coisa: um milhão. Depois de breve pausa, titubeia: ou um bilhão... Definitivamente, números atrapalham muita gente.
Uma pequena pomba cinzenta com pontos escuros nas pontas das asas anda por aqui. Talvez tenha ninho na paineira: nos últimos anos caíram ovinhos da árvore de espinhos maiores que os ovos quebrados. Do lado de cá do fim do mundo são raros pombos comuns. Há outros, maiores e de cabeça pequena, que me dizem ser o "verdadeiro" e, também, desses miúdos, de tamanho entre os das praças públicas e o das rolinhas.
Juízes querem exceção. A cega justiça, igual para todos, que só vê idênticos sob a espada imparcial, quer abrir exceção para juízes...
Há poucas folhas ou folhas ressecadas e murchas, mas muitas flores de todas as cores. As aranhas ainda não vieram este ano.
A empresa norte-americana Wrigley, maior fabricante de chiclete do mundo, patenteou uma goma de mascar com base no componente químico do Viagra. Crianças vão querer se automedicar...
Sobram, do lado de cá do fim do mundo, marimbondos macróbios. Em geral, eles desaparecem com a chegada do frio. Resta uma dúzia, pouco mais. Já não procriam e estão mirrados e foscos. À noite, se amontoam do lado norte do ninho de papel.
Ontem, no fim de tarde, o ar parado obrigou urubus a procurarem mais cedo poleiro. Dois permaneciam quase imóveis nos galhos de velha araucária. Moviam apenas as cabeças para não perder nenhuma cena do filme da vida a passar embaixo.
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