Une scène parisienne sous les tropiques... ou seja, uma cena parisiense nos trópicos! A calçada interna da avenida Atlântica, a mais larga de todas (corresponde à largura da primitiva calçada somada à largura das antigas pistas de automóveis), propicia cenas difíceis de imaginar em outros locais (muitas pessoas vivem ali!) Ontem, voltava para casa pelo bulevar carioca quando uma minúscula cena evocou-me fundo as canções de Piaf. Antes mesmo de narrá-la, aviso ter sido responsável por sua exiguidade, pois a poderia ter prolongado no tempo a meu bel-prazer. Voltava para casa, pois, no meio da tarde, o vento constante do sudoeste pintava outra vez um cenário fabuloso ao misturar luzes, cores e texturas ao longe, mar adentro quando, ao olhar na direção oposta me deparo com uma figura feminina, vivida de muitos anos, vestindo uma calça preta e um agasalho de malha com listras largas horizontais. Estava sentada em um banco, central na largura do amplo passeio, pintada com exagero e tinha um ar melancólico. Ao perceber-me a olhar para ela, a velha senhora sorriu e me acenou com vivacidade, como quem se despede de quem parte... Acenei-lhe de volta com um sorriso tímido, sem efusão. Ela então, sempre falando por gestos, deu umas palmadinhas no banco de pedra ao lado de onde estava… Agradeci (não sei se me ouviu) e tentei gesticular-lhe algo significando "em outra ocasião". Tinha pressa e segui. Adiante, notei uma espécie de "remorso pela oportunidade perdida" e de imediato o clima das canções de Edith Piaf me inundou. Em seguida me perdi em múltiplas e vãs suposições... Parei. Já percorrera uns três quarteirões. Valeria a pena voltar? Continuei no rumo de casa tentando me enganar: "fica para outra vez" - provavelmente, nunca mais. Restou-me da tarde de vento forte esta breve scène parisienne... |
Thu, 6 Oct 2016 17:04:24 -0300 ...imperdoável... sem assinatura Voltarei... |
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