Desídia
05/10/16
Um plágio e uma atenuante: copio a mim mesmo pela desídia do clima insalubre desses dias. Aliás a palavra me era desconhecida: desídia. Aprendi outro dia, pela rádio Gaúcha, num diálogo insípido sobre futebol. Parêntese - tenho notado, em minhas caminhadas, o quanto a testosterona se impõe nas conversas masculinas onde, percebo também, predominam dois assuntos: futebol e mulher. Feche-se o parêntese. Contava da palavra a mim apresentada pelos debatedores da emissora, após uma partida de futebol, desídia. Assim: um dos comentaristas, ao se referir ao ânimo de um dos times durante a partida, mencionou a desídia da equipe e concluiu seu comentário com outras considerações com a maior naturalidade. Ao acabar, um colega o interpelou: "como é mesmo aquela palavra que você usou?" O primeiro a repetiu e o colega lhe pediu que a soletrasse e depois o inquiriu sobre o significado. O jornalista sabia bem do que falava e definiu com precisão o termo pouco usual. (Um dicionário fala da ausência de força ou estímulo para agir, outro menciona disposição para evitar qualquer esforço físico ou moral e um terceiro é mais sintético e aponta apenas o que os outros dão como sinônimos: indolência, ociosidade, preguiça.) Já se vê extraviei-me pelo caminho e o perspicaz leitor, a sagaz leitora o notou. Era outro o assunto, o tal plágio de si mesmo, pois é tempo de jabuticaba, pelo menos a velha jabuticabeira que ainda considero minha, pois não se vendeu a casa, costumava se carregar - e como! - entre setembro e o princípio de outubro. Em cinco de outubro de 2001, descrevi o assédio de um enxame de insetos e algumas aves a profusão de suculentas frutas, para mim, a evitar. A cena sempre me lembrava "Os Frutos da Terra", de Gide, pelo forte odor de vinho a emanar do chão coberto de jabuticabas em putrefação. Lá, eram maçãs. |
Wed, 5 Oct 2016 12:28:14 -0300 clode querido Oi, Bia, Wed, 5 Oct 2016 16:22:39 -0300 ... fiquei com saudades de mangas nos chão sem assinatura Daqui a pouco estaremos repetindo Casimiro de Abreu: "Oh, que saudades eu tenho / da aurora da mina vida, / da minha infância querida / que os anos não trazem mais! ...." |
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