Se essa rua fosse minha...
19/02/15
Faz muito tempo, ouvi de um amigo, descendente de alemães, uma teoria ligada à Antroposofia sobre a renovação de todo o sangue do corpo humano a cada sete anos, de onde viriam decorrências diversas por nos tornarmos, assim, quase um outro ser etc. Digo isto pois, há exatos sete anos, saía aqui a história de uma rua cujo nome se celebra hoje, e de outras com nomes a homenagear feitos ou pessoas. Uma leitora atenta observou então: "fico me perguntando se o homenageado em questão ficaria feliz de ter seu nome estampado naquela placa, meio torta, na esquina de uma ruazinha qualquer...." Nos tempos de faculdade, ouvi de um colega especulação sobre a desventura de virar estátua. Ele supunha eventual perda de liberdade post mortem ao ter sua 'imaterialidade' ligada ao monumento. A extensão do ser após a morte é matéria pessoal, de fé e cada um sabe de sua crença e do que descrê mas, quanto a arguição da leitora, poder-se-ia imaginar uma graduação da importância da pessoa - ela também o questiona - ao, defunta, virar monumento, estátua, praça, avenida, rua, viela, beco ou o que for. Fica lá o nome na "placa, meio torta, na esquina" enquanto o correr inexorável do tempo apaga progressivamente na memória coletiva a lembrança do homenageado e de seus feitos e defeitos (todos os temos!) Como primeiros moradores de uma rua, quase uma picada no meio de um matagal, a rua "J" na planta do loteamento, pensei em batizá-la Parábola, pois andava fascinado, na época, pela curva limite entre elipses e hipérboles, cogitei uma placa nunca feita, na ingenuidade de poder batizar um logradouro sem ser edil. Perguntaria, talvez, outra leitora se uma parábola seria suficientemente importante para virar nome de rua a trazer de volta a pergunta final da leitora primeira: 'O que faz um homem "importante"?' |
Thu, 19 Feb 2015 10:44:19 -0800 gostei sem assinatura Do Houaiss: edil |
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