|
|
Pequenos sinais26/06/01 |
|
"aspas" "Maravilhosos homens são os astrólogos e adivinhos, que somente sabem o que está por vir, e do passado o do presente não sabem nada; e assim contam as coisas que no céu se fazem, como se ao conselho dos seus moradores houvessem estado presentes, e agora novamente de lá, abaixassem." D. Fr. AMADOR ARRAIS, Diálogos, Diálogo I, cap. V, pp. 12-13, da ed. Rolandiana, Lisboa, 1846 (1a. ed.: 1589). |
Sinais das novidades (ia dizer dos novos tempos, mas... novos?) De todo modo, eis os sinais assinalados nessa manhã. Pequenos sinais. Pelo rádio, a repórter, face à greve dos empregados do metrô, insiste em mencionar algumas lotações a exorbitar o preço covardemente etc. Hoje em dia, em quase toda emissora de rádio há um comentarista da língua, a fornecer pílulas gramaticais, de sintaxe, prosódia e similares durante a programação. Não faz muito tempo, um deles chamou a atenção para esse equívoco, de tomar a palavra lotação no feminino quando se trata da forma reduzida de autolotação. Para ilustrar, lembrou o título da peça de Nelson Rodrigues: "A Dama do Lotação". Quem sabe por ser de outra emissora, a repórter continuava, como numa exacerbação de feminismo explícito, a misturar peruas e autolotações sem qualquer distinção de gênero. É óbvio, que as peruas a que fazia referência eram caminhonetes e não, a fêmea do peru ou qualquer tipo de mulher. Tudo isso, todavia, é irrelevante. As vestais da língua acabam sempre prostituídas pelos tempos, pelos hábitos, pelo falar do povo. Por mais errado que seja, o usual muda o critério e se faz correto, se do uso de quase todos. |
|home| |índice das crônicas| |mail| |
|
|